Representatividade

Linn da Quebrada e Jup do Bairro celebram volta à TV com o talk show TransMissão

Atração apresentada pelas artistas trans faz parte da programação especial do Canal Brasil em homenagem ao orgulho LGBTQI+

Por Renato Lombardi
Publicado em 04 de junho de 2020 | 13:17
 
 
 
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O Canal Brasil estreou, na última segunda-feira (1º), uma programação especial em homenagem ao Dia Internacional do Orgulho LGBTQI+, comemorando no dia 28 de junho. Até o fim do mês, o canal pago vai debater e exaltar a diversidade, o empoderamento e o respeito em programas e filmes. Entre os destaques desta programação está o talk show “TransMissão”, que estreou a segunda temporada nesta semana sob o comando das artistas trans Linn da Quebrada e Jup do Bairro. 

 

Exibida pela primeira vez em 2019, a atração voltou à grade do Canal Brasil com novos  bate-papos, sempre exibido às segunda-feira, à 0h (o programa também é reprisado em outros dias da semana), abordando questões de gênero, sexo, raça e temas variados do cotidiano. Entre os convidados, estão Pedro Bial, Liniker, Criolo, Amara Moira, Xico Sá, Matheus Nachtergaele e Rennan da Penha. Para Jup, ela e Linn voltaram mais maduras para a segunda temporada do “TransMissão”, mas ressalta que o projeto continua sendo um desafio. 

“O mais interessante é que a gente quer criar um pensamento em conjunto com o convidado, queremos saber os limites e, principalmente, deixá-los à vontade para construirmos esse diálogo. Creio que esse é um programa muito mais de conversas do que de entrevistas”, disse Jup. “A gente quer pegar assuntos e temas e destrinchar. Tudo isso pode gerar uma grande euforia de ambas as partes, pode gerar um silêncio porque é um ‘atrito’ com o outro. Creio que nesta temporada nós duas estamos mais ‘porosas’ quando comparada a primeira”, afirmou a apresentadora. 

 

Linn da Quebrada celebra a volta do “TransMissão” e a parceria com Jup, que começou fora da TV - as duas são cantoras e ativistas sociais - e segue no programa do Canal Brasil. “Eu acredito que a nossa escolha, enquanto apresentadoras, seja um privilégio para a televisão brasileira. Para além de sermos artistas trans, somos artistas inquietas que têm atuado sobre seu tempo. Nosso tempo”, disse Linn, referindo-se à escolha das duas, que são trans, para apresentar o talk show que enfatiza a questão da diversidade e o respeito.

“Temos pensado e produzido conhecimento, e podemos, através de nosso papel dentro do programa, dividir com o público a dádiva da dúvida. O privilégio de poder pensar diferentemente de como já se pensa. E essa é uma possibilidade que desfrutamos coletivamente. Não se sai ilesa dessa experiência. Nenhuma das partes”, explicou Linn.

Jup do Bairro destaca a importância da escolha dela e de Linn da Quebrada, duas artistas trans, para apresentar um programa de TV. Entretanto, ela faz uma ressalva: “Somos exceções”. “Quando as pessoas trans receberem os mesmos valores de pessoas cis, tiverem a mesma demanda de contratações, aí sim poderemos considerar que estamos evoluindo”, explicou a apresentadora.

‘Bixa Travesty’

Além do programa “TransMissão”, Linn da Quebrada também poderá ser vistas no documentário ‘Bixa Travesty’, que também faz parte da programação especial sobre o orgulho LGBTQI+ preparada pelo Canal Brasil. O premiado filme, que vai ao ar no próximo sábado (13), às 23h10, tem a performer como ponto central de uma discussão ampla sobre identidade de gênero, homofobia e padrões sociais, tudo isso a partir de uma mescla de momentos que vão desde a vida privada e caseira da artista, encenações em banheiros e saunas até os espetáculos extravagantes por ela realizado.

Linn fala com orgulho de “Bixa Travesty”, da repercussão em torno dele e comemora o fato de o filme ser exibido na TV. “Tudo isso é muito gratificante. Me sinto extremamente feliz por poder experienciar isso tudo em vida. De ter meus pensamentos propagados. De ter minha obra gerando movimento. Poxa, já faz tanto tempo que o filme foi gravado e agora, antes da pandemia, esteve nos cinemas, e ainda vive através do canal! E eu vivo junto com o filme”, afirmou.

“O filme é parte de mim. Ele é ponto de partida de diálogo e tem feito uma linda trajetória. Sou muito orgulhosa de poder viver isso. E espero que o filme possa ser motor e inquietar e mover e comover muitos outros corpos por esse Brasil e mundo”, finalizou. 

 

 

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