A Itália pode ser considerada como a principal potência do Renascimento. Da Vinci, Giotto, Caravaggio, Michelangelo e vários outros artistas marcaram a História da Arte para sempre e seguem como referências artísticas até hoje. A enorme fila para ver a “Monalisa” – talvez o quadro mais famoso do mundo –, no Museu do Louvre, não deixa dúvida. No entanto, o Renascimento data do século XV, ou seja, muita coisa aconteceu de lá para cá, mas aparentemente, para os italianos, os padrões artísticos dessa época seguem como norte para sua produção.

A tradição da pintura italiana poderá ser vista na exposição “Uma Certa Itália - 15 Artistas do Piemonte na Casa Fiat”, que abre hoje. “A marca principal da exposição é figurativa”, atesta o italiano Renato Scalon, curador da mostra.

“A Itália tem uma tradição clássica fortíssima. Como o restante do mundo, entrou no século XX com o experimentalismo artístico, não só nas artes plásticas. Em tudo: na música, na arquitetura... A gente percebe agora um momento de reflexão. As mudanças no mundo de hoje são tão rápidas que esses artistas, dessa geração específica, resolveram parar e fazer uma reflexão, antes de seguir adiante”, pondera o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira.

Para o curador da mostra, a arte da figuração ainda voltará como principal expoente das artes plásticas. Scalon aproveita para dar uma cutucada nos artistas contemporâneos e suas obras de arte. “Eu vejo no Brasil muita arte concreta, sendo que alguns desses artistas não sabem nem desenhar”. O presidente da Casa Fiat sinaliza a mesma opinião do italiano. “Esse experimentalismo da arte contemporânea já passou seu momento histórico na Itália. Hoje, os artistas italianos estão se propondo um momento de reflexão sobre o que aconteceu no último século”. Mas logo ele ameniza sua posição, tentando não fazer juízos de valor. “Não digo que o que é produzido é certo ou errado, bom ou ruim. É a constatação de que há uma tendência de parar para pensar um pouco o que foi a experiência”, completa Pereira.

Desdobramentos. A “dificuldade” de lidar com artistas contemporâneos brasileiros deverá ter novo capítulo, porque um dos desdobramentos da exposição “Uma Certa Itália” é criar uma versão brasileira e inverter a mão. Ou seja, 15 artistas brasileiros serão selecionados para apresentar seus trabalhos em cidades italianas. “Vai ser mais complicado, porque, por aqui, a tendência das artes plásticas é muito menos figurativa”, aponta Scalon.

As cidades escolhidas são a capital, Roma, além de Bolonha, Nápoles e Turim, principal cidade do Norte da Itália, que fica na região do Piemonte. “Acredito que para artistas é fundamental conviver com outros semelhantes e também conhecer a produção de outros lugares para saber o que o mundo anda produzindo e se aquilo dialoga com suas escolhas, seus desejos. O intercâmbio é muito importante e isso é o que tentamos fazer com projetos como esse”, ressalta o curador.

Por enquanto, porém, a ida dos artistas brasileiros para a Itália é um projeto que precisa encontrar parceiros e apoiadores. Os organizadores não sabem ainda como selecionarão os artistas, mas acreditam que é preciso pensar em uma representação que dê conta de todas as regiões brasileiras. A previsão é que o projeto aconteça entre 2016 e 2017.