“A Força do Querer”

Carol Duarte estreia na TV com o pé direito

Atriz é elogiada por interpretar o transexual Ivan na novela de Gloria Perez

Por Redação
Publicado em 02 de outubro de 2017 | 03:00
 
 
 
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Rio de Janeiro. Aos 25 anos, Carol Duarte entrou de corpo de alma no seu primeiro papel na TV. E não foi um personagem qualquer, mas um transexuais, ou melhor: um homem nascido no corpo de uma mulher. Primeiro como Ivana e agora na pele de Ivan (após a mudança de gênero), a atriz roubou a cena em “A Força do Querer”, da trama das nove da Globo, e ganhou a torcida do público ao abordar um tema delicado.

Como resultado, a audiência da novela de Gloria Perez explodiu, ultrapassando os 40 pontos no Ibope – algo que não ocorria desde “Avenida Brasil” (2012). E Carol ainda foi reservada para protagonizar uma próxima novela das nove, de Manuela Dias (autora da série “Justiça”, que concorre ao Emmy Internacional deste ano), prevista para ir ao ar em 2019. “Conseguimos o nosso objetivo: contar uma história que divirta, emocione e convide à reflexão. Mais do que nunca é importante falar de tolerância e respeito pelo próximo”, avalia Gloria.

O tremendo sucesso extrapolou a novela, chegou à vida pessoal de Carol e expôs até seu namoro com a fotógrafa Aline Klein. E, da mesma forma, a caminhada de Ivan em busca da felicidade na ficção tem ajudado a luta de muitos transexuais da vida real.

“O público tem sido muito carinhoso. Está torcendo pela felicidade da Ivana e sente compaixão pelo sofrimento dela”, diz a atriz. A gravidez de Ivan, revelada na semana passada, promete movimentar ainda mais a trama, mas não está certo se ele perderá a criança, vítima de agressão por preconceito, ou não.

Apoio. Quando teve de cortar os cabelos, como parte da transformação de Ivana em Ivan, Carol ganhou o carinho da namorada, que também mudou o visual – simbolizando apoio a um grupo de pessoas que ainda vive situação social difícil, principalmente pela falta de informação. “É inegável a importância de entrar na casa das pessoas falando sobre a questão trans em um país em que mais se mata essa comunidade”, defende a artista.

Segundo a organização Transgender Europe, entre 2008 e junho de 2016, ocorreram 868 mortes por homofobia no Brasil. Esses números colocam o país em primeiro lugar entre os que mais matam homossexuais. “A violência a que as pessoas trans são expostas é brutal. Já passou da hora de destruirmos esse índice”, finaliza Carol.


Transexuais celebram novela

Rio de Janeiro. Há muitos anos, o jornalista Marcelo Tas teve de contar à família que sua filha era transexual. Luc Athayde-Rizzaro agora tem 27 anos e mora nos Estados Unidos. Ainda hoje, a novela ajuda Tas e sua família a informar as pessoas sobre o assunto. “Ele antecedeu essa discussão, mas o mérito de tratar desse assunto para um púbico maior é que famílias como a minha, que vivem no interior de São Paulo, passam a conseguir relacionar as coisas. O pessoal começa a falar: ‘Ah, isso foi o mesmo que aconteceu com o neto da dona Shirley’”, conta Tas, citando a própria mãe.

Uma das inspirações de Gloria Perez para criar Ivan, Luc publica vídeos no YouTube sobre o tema. “Meus pais estão sempre pela mídia e eu não gosto de fazer uso disso, mas dessa vez é para trazer informação e coisas boas ao mundo”, diz o rapaz, no vídeo em que se apresenta.

A modelo Lea Cerezo, 36 anos, antes Lea T., só pôde assumir o nome do pai, o ex-jogador Toninho Cerezo, recentemente. “Eu não queria interferir na vida dele”, disse, em entrevista ao jornalista Pedro Bial.


‘Cada história é única’, diz Dan Stulbach 

Rio de Janeiro. A relação de Ivan (Carol Duarte) com a família é um dos pontos mais conflitantes mostrados em “A Força do Querer”. Contar com o apoio e o carinho de um pai como Eugênio (Dan Stulbach) foi crucial para que a personagem assumisse sua identidade.

Para interpretá-lo, Dan Stulbach realizou diversas entrevistas com pessoas transgênero. Esses vídeos deram origem à série “Transversal”, disponível na página do ator no Facebook (www.facebook.com/danstulbachoficial).

“Cada história é única. Tem pais que aceitam, outros que não. E pessoas de diferentes classes sociais. O que não muda é a vontade do diálogo com a família”, diz Stulbach. 

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