Ficção e realidade se cruzaram, intimamente, no filme “Num Lago Dourado”, de 1981. Ocorre que a atriz Jane Fonda mantinha uma relação complicada com o pai, Henry Fonda (1905- 1982). E, ao conhecer o texto de Ernest Thompson, pensado inicialmente para o teatro, quis levá-lo para o cinema. Premiado, o longa levou três Oscars em 1982, incluindo o primeiro de Henry Fonda.

Agora, o texto ganha uma nova versão brasileira (em 1991, Nathália Timberg e Paulo Gracindo protagonizaram uma dirigida por Gracindo Jr.). Com apresentações neste sábado (13) e domingo (14), no Cine Theatro Brasil Vallourec, “Num Lago Dourado” traz no elenco os atores Ana Lúcia Torre, 73, e Ary Fontoura, 85 – o ator venceu o prêmio APTR 2017 de melhor ator e foi indicado ao Shell pelo mesmo papel.

Nesta versão, o espetáculo explora um horizonte mais leve e bem-humorado. “É meio que como ‘Sessão da Tarde’, sabe? Então, o público fica encantado. É um tipo de teatro com que todo mundo se identifica”, examina o diretor Elias Andreato.

Na trama, Norman (Ary Fontoura) é um professor aposentado, 80, um tanto ranzinza e absolutamente realista. Já Ethel (Ana Lúcia Torre) é o oposto, de espírito solar. De férias em uma casa no campo com vista para um lago, recebem a notícia da visita da filha Chelsea (Tatiana de Marca), que não via seus pais havia oito anos. Com ela, vão também o dentista Bill Ray (André Garolli), que é seu novo namorado, e seu enteado, Bill Ray Jr. (Lucas Abdo). Há ainda a presença de um carteiro da região (Fabiano Augusto), que nutria amor por Chelsea. A história é atravessada por esses enlaces familiares e também é um olhar para a velhice.

“Como tudo o que trata da família, é uma peça que sempre nos toca”, diz Andreato, que assistiu a algumas apresentações com o público. Ana Lúcia, por sua vez, indica que todas as tensões e conflitos estão presentes na montagem, mas “de uma forma muito leve”. Conseguir encontrar o tom, aliás, é um feito que a paulista credita a toda a equipe. “A gente se fala todo dia”, situa ela.

História emociona e faz rir

Elias Andreato, diretor de “Num Lago Dourado”, também comemora o sucesso da empreitada. “Hoje, produções assim são pouco montadas. São cinco atores em cena, tem cenografia, tem figurino... Viajar com tudo isso fica caro. Contudo, é completo: pensando em entretenimento, as pessoas saem da sala satisfeitas”, garante.
Durante as apresentações em São Paulo e no Rio de Janeiro, Ana Lúcia observou todo tipo de reação da plateia. “Há os que gargalham, os que se emocionam e ficam com lágrimas nos olhos...”, conta.

A atriz observa que o público da peça é formado, em sua maioria, por pessoas que não estão habituadas a frequentar teatros. “Talvez por conhecerem Ary e eu da TV, essas pessoas querem ver a gente em cena”, explica ela, que interpreta a personagem Gentil na novela “Espelho da Vida” (Globo). O resultado são manifestações legítimas diante do que estão vendo. “São pessoas que, às vezes, não se contêm e têm reações muito espontâneas”, lembra.

Agenda

O quê. Espetáculo “Num Lago Dourado”

Quando. Neste sábado (13), às 21h, e domingo (14), às 19h

Onde. Cine Theatro Brasil Vallourec (av. Amazonas, 315, centro)

Quanto. R$ 50 (inteira).