Séries

'Dilema': Renée Zellweger, Glenn Close e Viola Davis, poderosas e infelizes

Mulheres bem-sucedidas, frias e manipuladoras viram clichê da ficção, porém interpretadas por grandes atrizes

Por Etienne Jacintho
Publicado em 19 de junho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Desde a migração dos artistas de Hollywood para as produções televisivas e, agora, para o streaming, as poderosas atrizes têm assumido, na ficção, papéis igualmente poderosos. Recentemente, Renée Zellweger entrou para este time que conta com Glenn Close, Laura Dern e Viola Davis, só para citar algumas delas. Em “Dilema”, série da Netflix, Renée é Anne Montgomery, uma fria investidora que usa as pessoas para conseguir o que quer. 

Na trama, Anne decide investir muito dinheiro na startup da jovem Lisa (Jane Levy), que estuda sequenciamento molecular. Porém, Anne condiciona seu investimento a uma noite com Sean (Blake Jenner), o marido de Lisa. O casal topa e aí começa o pesadelo dele e do público. “Dilema”, mesmo com a presença de uma atriz vencedora do Oscar, é uma bagunça. Perto de Patty Hewes, interpretada por Glenn Close em “Damages”; e de Annalise Keating, vivida por Viola Davis em “How To Get Away with Murder”, a Anne de Renée é uma amadora. 

É difícil entender como uma série que tinha tudo para ser boa começa a ruir já no segundo episódio. O único trunfo da atração é que ela atiça a curiosidade do espectador para saber qual será o desfecho, afinal, a esperança é a última que morre e, quem sabe, o enredo melhora? Só que não. É um desastre atrás de outro. 

As histórias paralelas são completamente sem sentido, pois elas não se cruzam em momento algum. Parece que estão lá só para preencher o tempo. Dave Annable (de “Brothers and Sisters”), coitado, aparece só para viver um psicopata que se envolve com dois personagens. Assim como Derek Smith, que aparece para ser o guru gay do personagem Marco (Juan Castano). 

Poderosas?

Apesar do roteiro ruim e desconexo, Renée tenta defender sua Anne, mas não escapa de momentos constrangedores. O que vale mesmo ressaltar aqui são as características da personagem. Na ficção, as mulheres poderosas são sempre retratadas desta forma quase inumana. Elas são frias, manipuladoras e solitárias. Por que uma mulher sempre tem de abrir mão de tudo para ter poder? E, o que é pior: nessas atrações, o único ponto fraco dessas mulheres é a maternidade, geralmente escondida no passado. 

Anne é uma mulher profissionalmente admirada. Seu estilo de vida é invejável. Mas quem a vê de perto, enxerga sangue e solidão. Assim, como ela, a advogada Patty Hewes também levava uma vida nada feliz. Trabalhar para ela, no entanto, é um sonho. Em “Damages”, a personagem de Glenn Close também era temida e manipuladora. A diferença é que o roteiro da série é impecável e a primeira temporada, imperdível. Patty sujou as mãos de sangue e, às vezes, chorava escondida, quando pensava em uma criança. 

Nessas duas atrações, as poderosas protagonistas elegeram garotas ingênuas para serem seus peões. Em “Damages”, Ellen Parsons (Rose Byrne) consegue, não por acaso, uma vaga de estagiária no escritório de Patty e vê sua vida virar do avesso. Já Viola Davis consegue sete estagiários para aterrorizar em “How To Get Away with Murder”. Ela é outra atriz que dá medo – no bom sentido – na pele de Annalise Keating, professora e advogada que esconde segredos, um deles ligado à maternidade, claro. A série, assinada por Shonda Rhimes (de “Grey’s Anatomy” e “Scandal”) tem no elenco o inglês meio brasileiro Alfred Enoch, que está em “Medida Provisória”, filme que Lázaro Ramos lançará em 2020. 

 

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