Em 2020, o Grupo Galpão vai estrear uma nova peça, que deverá entrar em cartaz no segundo semestre. Até lá, a companhia tem um percurso de pesquisa e de criação a cumprir – o que já começou neste ano. Desde a última quinta-feira, dez atores têm se reunido com outros profissionais, como a editora Maria Carolina Fenatti, a poeta e artista visual Julia Panadés e o músico Rafael Martini, além do poeta, performer e ensaísta Ricardo Aleixo.
Cada um desses nomes foi convidado pelos diretores Marcelo Castro e Vinícius Souza, que estão acompanhando o elenco e propondo ações a partir do recorte “poesia brasileira contemporânea”. Hoje e amanhã, os atores vão mostrar um pouco do que esses diálogos têm provocado em dois encontros que serão abertos ao público na própria sede da companhia.
Diretor artístico e ator do Grupo Galpão, Eduardo Moreira observa que esses trabalhos têm o objetivo de servir como um aquecimento para a próxima produção teatral. “Não quer dizer que esses encontros vão se converter na produção da montagem diretamente, mas eles fazem parte desse processo.
Eu acredito que essa é uma etapa fundamental. Faz parte do processo criativo, e nós já vivenciamos situações muito fortes desde o início do ciclo proposto por Marcelo e Vinícius”, diz Moreira. Ele também ressalta a oportunidade para o público de visualizar um trabalho nesses estágios.
“Nós também pretendemos fazer com que o público possa viver um momento único ao poder estar em contato com esse início do processo de criação artística. As pessoas podem ter a chance de ver tudo isso de dentro, porque o que vamos mostrar ainda não é o resultado final, mas alguns possíveis caminhos. Então, tem um lado nisso que é muito interessante”, completa o ator.
Castro explica que as propostas apresentadas ao grupo, nesse primeiro momento, baseiam-se na aproximação entre teatro e poesia a partir de diferentes abordagens. Outro norte é a articulação entre teoria e prática. “Nós convidamos a Carolina Fenatti, a Julia Panadés, o Rafael Martini e o Ricardo Aleixo para que cada um pudesse trazer à tona uma discussão. A ideia é fazer algo como diferentes seminários sobre poesia e outras linguagens para que, a partir disso, os atores possam realizar seus experimentos”, diz o diretor responsável por organizar esses encontros junto com Souza.
Além desse ciclo, haverá mais dois a serem promovidos em sequência. O segundo será conduzido pelo ator e diretor Amir Haddad, e o terceiro, pelo cineasta Rafael Conde. Moreira comenta que, ao fim desse percurso, eles terão perpassado diferentes conceitos e abordagens artísticas.
“Agora estamos trabalhando com essa relação entre a palavra poética e o teatro, pensando o signo linguístico também como imagem e som. Já o Amir acho que vai, de certa forma, trazer um pouco da experiência dele com teatro de rua. Mas, além disso, ele adiantou que quer trabalhar um pouco com a música. Amir é um dos grandes diretores do teatro brasileiro e que tem um trabalho muito singular tanto na rua quanto no palco”, completa o ator.
Rafael Conde, por sua vez, detalha que pretende abordar a linguagem do cinema em interface com o teatro. “O meu ponto de partida será fazermos uma conversa, tipo um experimento a partir da comparação entre o cinema e o teatro, que são diferentes espaços, e, a partir disso, vamos pensar como podemos fazer para que essas experiências se entrecruzem. Devemos também fazer alguns exercícios de câmera e talvez possamos ter como resultado disso algo entre o teatro e o filme para mostrarmos ao público”, diz.
Programe-se
Os encontros abertos ao público vão acontecer sempre às 19h, na sede do Grupo Galpão (rua Pitangui, 3413, Sagrada Família). Datas: nesta quarta e quinta, e dias 26 e 27/10, e 9 e 10/11. Entrada gratuita com retirada de senha uma hora antes.