O jornalista João Paulo Cunha lança, na próxima sexta-feira, seu livro “Penso, Logo Duvido”, uma coletânea de textos publicados em jornais em outras mídias desde 2014 até hoje. “São textos que escrevi para os jornais ‘Brasil de Fato’ (onde é atualmente colunista), ‘Estado de Minas’ e para materiais e cartilhas de movimento populares”, conta o autor. O lançamento será na Casa do Jornalista de Belo Horizonte (av. Álvares Cabral, 400, centro), às 19h30.

O livro tem cerca de 70 artigos distribuídos nas suas 400 páginas, que traçam o caminho do Brasil desde o início dos escândalos da Operação Lava Jato e a reeleição de Dilma Rousseff (PT) até o início do governo Jair Bolsonaro (PSL), passando pelo impeachment da ex-presidente e pelo mandato de Michel Temer (PMDB). “Muitas pessoas diziam que queriam ver alguns textos publicados em coletânea, até mesmo para documentar esse caminho que está acontecendo e que foi desenvolvido durante esses anos”, explica Cunha. “Então, meus amigos fizeram essa proposta e eu achei interessante”.

Os textos não são somente sobre política diretamente, mas também sobre cultura e sociedade, que são reflexo destas mudanças e destes cenários políticos. “O que vemos hoje em relação à cultura, às liberdades, não é um fenômeno que veio de uma hora para outra”, defende o autor. “É preciso parar para pensar, refletir acontecimentos fundamentais, como a morte de Marielle Franco, a Escola Sem Partido. O jornalismo não pode ser só factual”, afirma o jornalista.

Para “Penso, Logo Duvido”, Cunha dividiu seus textos em duas partes, uma antes e outra depois do impeachment. “Nesta segunda parte, lanço o olhar para a sociedade, o amor, o sexo e a cidade”, conta Cunha. “Há, por exemplo, um texto sobre a morte de Gabriel García Márquez e de outros autores que ajudaram a conhecer os momentos políticos no mundo”, diz ele.

João Paulo Cunha acredita que o jornalista, hoje, precisa retomar sua importância. “Não falo na questão da adaptação tecnológica aos meios digitais. O jornalista perdeu a importância na discussão pública como formador de opinião. Precisa haver um resgate do papel do jornalista na sua essência, de discutir os assuntos de maneira plural. É imprescindível que haja essa pluralidade”, defende Cunha, que acredita que é papel do jornalista aparecer no processo de fortalecimento da democracia, para que as diferenças circulem e a polarização atual seja dissolvida. “Existe a possibilidade de alargamento, de ampliação de fronteiras, e esse é o compromisso social do jornalismo”, conclui o autor.