Mulher, negra, ativista e nascida no subúrbio do Rio. As características servem a Marielle Franco (1979-2018), vereadora assassinada há um ano e sete meses, em crime ainda não elucidado pela polícia, mas também atendem ao perfil de Leci Brandão, 75, que, no último mês, regravou a faixa “Pra Colorir Muito Mais”, sobre o arco-íris, em referência à luta pelos direitos LBGT, outro ponto em comum com Marielle. As duas foram saudadas no samba-enredo da Mangueira que acabou vencedor em 2019.
A identificação foi o que levou Bia Nogueira a homenagear Leci no Sarau Minas Tênis Clube, que começa nesta segunda (7). “Se fosse um homem branco, certamente a Leci seria reconhecida como uma das nossas grandes compositoras, mas o fato de ela ser uma mulher negra, lésbica e militante, criou barreiras que dificultaram a massificação do trabalho dela”, afirma Bia que, para selecionar o repertório, valeu-se de um “critério histórico”.
“Escolhi canções importantes para contar a trajetória dela”, informa. Nesse bojo, entraram sambas autorais e outros em que Leci se destacou como intérprete, casos de “Yafrica” e “Olodum Força Divina”. Já “Antes que Eu Volte a Ser Nada” foi uma surpresa para a própria Bia. “Eu achava o verso que fala sobre ‘cuidar da tua roupa’ machista. Mas é uma visão heteronormativa. A Leci diz isso para outra mulher. Quando você cuida de alguém, é um jeito universal de demonstrar que você ama as pessoas. A Leci traz sempre essa delicadeza”, conclui.
Serviço
Show de Bia Nogueira, nesta segunda (7), às 20h, no Minas Tênis Clube (rua da Bahia 2.244, Lourdes). De R$ 2 (inteira) a R$ 1 (meia).