Depois de vários rompimentos de barragens, sobretudo em Mariana e Brumadinho, a formação do mar de lama e rejeitos precisa ser algo inaceitável. O documentário “O Amigo do Rei”, que estreia hoje no cinema, aborda as causas e consequências da tragédia em Mariana e aponta soluções para a mineração. “Com Mariana, a população despertou para a questão da mineração. Depois de Brumadinho, as pessoas começaram a ter interesse sobre o tema, a localização e a fiscalização das barragens”, afirma André D’Elia, diretor do longa.
“O Amigo do Rei” começou a ser produzido em 2016 e ficou pronto no dia 24 de janeiro deste ano, um dia antes da tragédia em Brumadinho. A cena do rompimento da barragem do Córrego do Feijão impactou muita gente. Aquela montanha liquefeita é tão impressionante quanto a lama que varreu tudo, matando mais de 200 pessoas. Pouca gente, àquela altura, conhecia o funcionamento de uma barragem. Hoje, o interesse é grande. Além de explicar a construção dessas estruturas de forma interessante e simples, o filme mostra as manobras que as mineradoras usam para aumentar a extração com pouco gasto e muito risco. E não é discurso anticapitalista. São falas de ambientalistas, engenheiros, professores e advogados baseadas em fatos comprovados.
O longa dá voz às vítimas que perderam suas casas, ficaram ilhadas, viveram dias sem água, adoeceram e tiveram seu território contaminado, como a população indígena Krenak. “Priorizei as informações do (projeto de lei) Mar de Lama Nunca Mais, porque não dá mais para ignorar as consequências ambientais e sociais da mineração. O público precisa conhecer para se mobilizar”, fala o diretor. Não é um documentário contra a mineração. Todo mundo todo usa o minério de Minas Gerais e não dá para essa exploração seguir esse modelo neocolonial”, defende.
A bilheteria do filme será usada para levar “O Amigo do Rei” – feito em parceria com o Ministério Público de Minas Gerais – às cidades mineiras do chamado quadrilátero ferrífero. O filme também estará disponível para exibição em escolas.