Música

Mitos cercam vida e obra de Embaixador 

Gravadora Goma Gringa coloca à venda mil cópias do LP no Brasil e joga luz sobre a vida de Sebastião Rosa

Por LUCAS SIMÕES
Publicado em 02 de março de 2015 | 03:00
 
 
 
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Em uma pesquisa de três anos do jornalista Itamar Dantas, a vida de Sebastião Rosa de Oliveira, ou simplesmente Embaixador, veio à tona, caindo por terra vários mitos sobre sua obra pouco divulgada. “Havia várias histórias em torno dele. A principal é que ele seria irmão do Tony Tornado. Mas o Embaixador era filho de Geraldo Rosa de Oliveira e Joaquina Rosa de Oliveira, de Minas Gerais. Ele foi abandonada pela mulher, não teve herdeiros, apenas amigos que conviveram com ele e puderam relatar seu perfil”, diz Dantas.
 

Nascido em 10 de setembro de 1934, em Leopoldina (MG), o Embaixador se mudou para a capital carioca ainda na juventude. Lá, sempre teve relação com o mundo artístico, ao começar a trabalhar como figurante da TV Tupi em 1950. “O apelido dele mesmo veio porque sabia várias línguas, como inglês, francês e um pouco de alemão”, revela Dantas.

A história mais conhecida do Embaixador está atrelada à bocada que conseguiu no filme “Roberto Carlos em Ritmo de Aventura”, que promovia o álbum homônimo de 1968 do Rei. “Ele era um vilão que corria atrás do Roberto e acabou saindo na foto de contra-capa do VHS. Nessa época, atuava também como intermediador de figurantes negros para filmes. E teve um papel importante sendo intermediário de atores negros em programas na TV ou no cinema”, esclarece Dantas.

A partir da década de 1980, porém, os bicos como figurante começaram a ficar escassos. Em 1985, Embaixador chegou a participar do filme “Quilombos”, de Cacá Diegues, em que interpretou Xangô. “Foi a época mais triste para ele porque começou a trabalhar vendendo camisetas de silk screen e fazer pequenas costuras para sobreviver”, completa o jornalista.

Em decadência, Embaixador viveu seus últimos anos recluso no Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro, onde faleceu em 27 de dezembro de 1996, devido a um infarto. “No enterro dele não foi praticamente ninguém. Só alguns amigos do Retiro dos Artistas. Por isso, a reedição da obra dele é tão importante, 44 anos depois do lançamento do LP ”, diz Dantas.

Trabalho. A reedição do álbum foi encabeçada pela gravadora Goma Gringa, dos sócios franceses Frédéric Thiphagne e Matthieu Hebrard. Sem acesso às fitas K7 originais da época, “que não devem existir mais”, eles tiveram que correr atrás dos raros LPs. Cedido pelo pesquisador Edson Carvalho, os 28 minutos da bolacha foram gravados de forma analógica no estúdio-selo Somatória do Barulho, em São Paulo.

A maior dificuldade, entretanto, foi recuperar a capa original do disco, danificada pelo tempo. “A capa foi feita de papel offset, com um fundo chapado, e a foto e os escritos em preto por cima. Tivemos o trabalho de tirar marcas da imagem, e pedaços de tinta que foram embora tiveram que ser recriados. Tudo isso é um processo digital, que durou mais ou menos cem horas”, detalha Frédéric.

A princípio, eles vão colocar no mercado 2.000 cópias da bolacha – sendo metade para distribuição no Brasil e a outra metade na Europa, através de uma distribuidora de Amsterdã.

Em território nacional, o álbum terá o preço de R$ 69, enquanto na gringa deve variar de € 22 pela internet a € 36 em lojas físicas, equivalente a R$ 70 e R$ 115, respectivamente. “É um preço mais alto porque é um disco de colecionador”, completa Frédéric. Por enquanto, os LPs podem ser comprados pela internet, no site da Goma Gringa (www.gomagringa.com).

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