Monica Martelli tem “necessidade” de contar histórias sobre a vida. “E a vida está aí, não é? Então tenho muita coisa ainda para escrever e para falar”, diz a atriz e roteirista de “Minha Vida em Marte”, que já está há mais de dois anos em cartaz, e é a sequência de “Os Homens São de Marte... E É para Lá que Eu Vou”, espetáculo também escrito por ela, que rodou o Brasil durante nove anos e alcançou 2,5 milhões de pessoas. 

“Minha Vida em Marte” segue o mesmo caminho. Vista por mais de 200 mil pessoas, a peça volta a Belo Horizonte em duas apresentações, neste sábado (9), às 19h e às 21h30, no Sesc Palladium.

Depois de conquistar seu príncipe encantado em “os Homens São de Marte...”, Fernanda vive a realidade de um casamento. “Ela mostra que todo mundo vive crises no casamento”, comenta Monica. “Casamento não é aquele amor romântico, idealizado. Não dá para casar e achar que, quem não transa três vezes por dia, não é feliz. Todo mundo repensa casamento. Todo mundo tem dúvidas”. 

Para Monica, o segredo da longevidade de seus textos é a verdade depositada em suas palavras. “Tudo o que passo está no palco. Minhas angústias, meus medos, minhas dores, minhas expectativas, minhas ilusões e minhas alegrias”, comenta a atriz. “Coloco tudo isso em cena, seja na série, no cinema ou no teatro. E isso gera uma identificação com o público, porque a personagem Fernanda é muito humana”, defende. 

“Minha Vida em Marte” mostra a coragem de Fernanda de “agir com o coração”, como diz Monica. “Ela luta pelo casamento, mas não atura qualquer coisa em nome do projeto família feliz. Ela é uma mulher que se separa com mais de 40 anos em uma sociedade machista, que valoriza a mulher casada. Mas Fernanda prova que é possível, sim, separar-se e se reencontrar”, defende a atriz. 

Claro que entre a separação e o empoderamento de Fernanda há uma lacuna a ser preenchida aos poucos. Ela tem de recuperar a autoestima, aprender a ver o ex-marido com outra mulher, voltar a paquerar e a viver bem só. “O desfecho traz uma positividade. Mostra que o amor é possível, mas também é possível ser feliz sozinha. O ponto importante é conhecer quem a gente é, porque não existe certo ou errado mais. As pessoas fazem casamento com festa, sem festa; moram junto sem casar; casam sem morar junto... É preciso só a gente se conhecer.”

Monica não pensa em aposentar sua personagem tão cedo. “Quero falar mais um monte de coisa. Tenho vontade de escrever sobre a mulher de 50 anos”, adianta a atriz e roteirista. “Essa mulher que fica feliz sozinha, porque a felicidade não é só achar o outro”, conclui.

Serviço

“Minha Vida em Marte”, no Grande Teatro do Sesc Palladium, sábado (9), às 19h e às 21h30. Ingressos: R$ 140 e R$ 70 (plateia I); R$ 120 e R$ 60 (plateia II); R$ 75 e R$ 37,50 (plateia III).