Companheiro de Grupo Rumo, o músico e linguista Luiz Tatit a situa entre Carmen Miranda (1909-1955) e Elis Regina (1945-1982), graças à dicção da primeira e a agilidade rítmica da segunda. Lisonjeada com os elogios, Ná Ozzetti, 60, admite que as duas cantoras são suas “maiores referências”. “Quem sou eu para achar que tenho alguma semelhança com elas?”, contemporiza Ná, valendo-se de sua conhecida modéstia. 

Foi no Grupo Rumo que a intérprete começou a carreira artística, quatro décadas atrás. Para comemorar a efeméride, ela sobe ao palco nesta sexta (16), em Belo Horizonte, com o espetáculo “Ná Ozzetti: 40 Anos de Carreira”. “Eu não tinha me dado conta dessa data redonda até o final de 2018. Quando percebi, tive vontade de celebrar com um show”, revela. A turnê começou por São Paulo, terra natal da artista, em janeiro deste ano. 

Ná conta que “a repercussão superou as expectativas”. Com isso, o registro em audiovisual e um disco ao vivo já estão nos planos. O repertório enfileira obras que permearam uma longa estrada, baseada nos princípios da experimentação musical e da liberdade criativa. Com o Rumo, foram oito álbuns, incluindo o recente “Universo” (2019), que pôs fim a um hiato de 27 anos de separação da trupe.

Na carreira solo, Ná não esteve tão solitária assim e se habituou a alçar voos na companhia de nomes contemporâneos e da nova geração, como Zé Miguel Wisnik, André Mehmari e o grupo Passo Torto, de Kiko Dinucci e Romulo Fróes. “Quando você é jovem, o começo da carreira define os passos que você vai seguir, a não ser que mude de ideia depois, mas eu não mudei”, observa a cantora. 

Ná chegou ao Rumo pelas mãos de Edith Derdyk. As duas cursavam artes plásticas na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). “Abandonei tudo para me dedicar à música. Nasci numa família muito musical. Desde cedo, eu achava que a perfeição do mundo estava na música, era o lugar de felicidade que eu perseguia”, declara. 

A apresentação desta noite tem no cenário, na iluminação e na direção cênica peças importantes. “Sempre gostei de explorar um lado teatral, em que eu pudesse trabalhar com personagens”, afiança Ná. Ela promete cantar “Estopim”, “Crápula”, “Milágrimas”, “Noite Torta”, “Outra Viagem”, “No Rancho Fundo”, “Falta Alguma Coisa” e outras preciosidades.

Serviço. Show de Ná Ozzetti, nesta sexta (16), às 21h, no Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244, Lourdes). De R$ 25 (meia) a R$ 50 (inteira)