Quando começou a produzir as tirinhas que deram origem à Turma da Mônica, em 1959, a personagem feminina central desse grupo ainda não existia. Mônica apareceu apenas em 1963, e, segundo Mauricio de Sousa, seu criador, ela nasceu depois de ele ser questionado pela ausência de figuras femininas em suas criações.

“Certa vez, me perguntaram, na redação da ‘Folha’ (de S.Paulo) se eu era misógino. Eu primeiro fui estudar o que era essa palavra, vi o que significava e, poxa, eu não me identificava com aquilo. Eu não tinha medo de mulher, mas eu acho que não apareciam meninas no meu desenho porque eu não tinha muita lembrança de brincadeiras de menina, e achava que poderia escrever alguma bobagem. Foi aí que eu me dei conta de que tinha três filhas, Mônica, Magali e Mariângela, nas quais eu poderia me inspirar”, conta Sousa.

Foi a partir da observação da personalidade das filhas que ele começou a desenhar o perfil de Mônica e Magali, que ganhariam as páginas de suas futuras histórias, tendo a primeira, inclusive, conquistado tanto sucesso entre os leitores que foi ganhando destaque cada vez maior. “Eu fui registrando: a Mônica é mais assim, Magali é daquele jeito, Mariângela daquela forma. E fui passando isso para os quadrinhos. E elas não mudaram muito. Mônica continua ‘brabinha’, decidida e valente; Magali segue gulosa, faladeira, alegre, e Mariângela, muito gentil com as irmãs”, diz Sousa.

Década depois, ele diz que passou pelo mesmo processo, mas, desta vez, não a partir de algum comentário externo, mas em razão de uma “autodemanda”. Em 2017, ele apresentou Milena, a primeira personagem negra a protagonizar uma nova leva de revistas.

“Eu sentia que estava faltando personagens como a Milena, e eu comecei a pensar e estudar a possibilidade de criar novas histórias. Até então, apenas apareciam personagens com uma família negra de maneira superficial. Por exemplo, a família do Pelezinho, mas que não chegava a ser protagonista. Então, eu quis mudar isso, abrindo espaço para o protagonismo dessas personagens, e para isso eu também fui estudar”, relata Sousa.

Em 2009, Caio, um personagem gay, também apareceu em uma das edições da revista “Tina”. Contudo, de lá para cá, o personagem não ganhou espaço fixo. Sobre o assunto, Sousa já afirmou, em entrevistas anteriores, que suas criações acompanham as transformações da sociedade, mas sem “levantar bandeiras”.

“Astronauta: Magnetar” (2012)

O lançamento marcou o início do projeto de romances gráficos publicados pela Mauricio de Sousa Produções. Deu destaque para o Astronauta Pereira, que, após um acidente em sua nave, gravita isolado no espaço. No ano passado, saiu o 4º volume da série “Astronauta: Entropia”.
Danilo Beyruth

“Laços” (2013)

Primeiro de uma trilogia que teve continuidade com “Lições” (2015) e encerrou-se com “Lembranças” (2017). É a história de maior sucesso do selo Mauricio de Sousa Produções. Foi produzido por uma dupla mineira e conquistou quatro troféus HQ Mix.
Vitor e Lu Cafaggi

“Bidu: Caminhos” (2014)

Também produzido por dois artistas mineiros, o livro revisita o primeiro personagem concebido pelo autor da Turma da Mônica. A boa repercussão levou a um segundo volume, “Bidu: Juntos” (2016), que mostra o cachorrinho não mais nas ruas, mas em um lar.
Eduardo Damasceno e Felipe Garrocho

“Jeremias: Pele” (2018)

Nesta narrativa, o personagem de Mauricio de Sousa, até então coadjuvante nas histórias de Mônica e Cebolinha, ganha o papel de
protagonista e tem seu cotidiano esmiuçado, o que coloca em evidência questões como o racismo sofrido por Jeremias.
Rafael Calça e Jefferson Costa


“Turma da Mônica Grandes Clássicos: O Mágico de Oz” (2018)

O volume traz Mônica no papel de Doroti, garota que é transportada para a Terra de Oz, após a chegada de um ciclone. Na história, Cebolinha vive o Leão, Cascão é o Homem de Lata e Chico Bento interpreta o Espantalho.
Pauça Furtado e Anderson Nunes

“Turma da Mônica Alice no País das Maravilhas” (2017)

O imaginário de Mauricio de Souza encontra o universo do clássico de Lewis Carrol. No título, Mônica surge como Alice, a protagonista
do romance que desvenda um ambiente onde a fantasia e absurdo se encontram.
Mauricio de Sousa e Marcia Ligia Guisin

“Turma da Mônica Jovem: Uma Viagem Inesperada” (2017)

As quatro autoras, respectivamente, encarnam as personagens Mônica, Marina, Magali e Denise, que narram histórias individuais de viagens.
Babi Dewet, Melina de Souza, Carol Christo e Pam Gonçalves

Turma da Mônica Jovem: A Ilha do Tesouro” (2015)

A ficção de Robert Louis Stevenson ganha releitura que não abre mão dos personagens originais. Sousa narra a trajetória de Jim Hawkins, adolescente que tem a vida transformada após descobrir o mapa de um ex-pirata.
Mauricio de Sousa