Nos últimos anos, a TV paga tem sofrido uma forte queda em número de assinantes. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), em julho deste ano, a TV por assinatura alcançava 16.538.988 domicílios, número que representa uma queda de 7,43% em relação a junho. Ou seja, a TV paga perdeu, em 30 dias, mais de 1,3 milhão de assinaturas. 

Com a crise econômica e o aumento do desemprego, as pessoas procuram enxugar despesas, e as plataformas de streaming surgem como uma opção aparentemente mais econômica. Além disso, o espectador de hoje tem adquirido novos hábitos de consumo dos produtos audiovisuais, com liberdade para assistir ao que quiser, como quiser e onde quiser. As operadoras já se armaram com plataformas de vídeo on demand (VoD), como o Now (Claro/Net) e as distribuídas por grupos como Discovery, Globosat e Fox. 

Segundo uma enquete da Amdocs – fornecedora de software e serviços para empresas de comunicação e mídia – divulgada na semana passada, os assinantes de serviços online já ultrapassaram os que possuem TV paga tradicional. Dos 500 entrevistados, 87% pagam por algum serviço de streaming e 81% têm TV por assinatura. Do total dos usuários de streaming, 18% deles gastam mais do que R$ 100 por mês em serviços online e 39% estão dispostos a adquirir uma nova assinatura nos próximos 12 meses. 

Mas realmente é preciso estar com a calculadora na mão, pois, para ter um conteúdo amplo em streaming – filmes, séries, documentários e infantis – equivalente ao oferecido gratuitamente por grupos parceiros das operadoras de TV paga, é preciso gastar quase a mesma quantia. Com o aumento da oferta de serviços, a dificuldade é saber qual é a melhor opção para o seu perfil e para o seu bolso.

Sabendo que a concorrência está grande, as empresas estão apostando na produção ou aquisição de conteúdos relevantes para o público. Filmes de grandes estúdios, títulos raros, séries premiadas e, especialmente, conteúdo nacional têm sido diferenciais importantes na hora de o público decidir qual serviço assinar. 

As maiores empresas do streaming

A Netflix é a empresa mais popular. Apesar do preço alto, o serviço traz um cardápio bem variado e equilibrado de séries, filmes e infantis. A Netflix também tem apostado em produções regionais e transformou séries espanholas, por exemplo, em sucessos internacionais. “La Casa de Papel”, “Elite” e “Merlí” conquistaram uma legião de fãs por aqui. As produções nacionais, cada vez mais populares em temática, também caíram no gosto do povo. “Samantha!” e “3%” são sucesso aqui e no exterior. “Sintonia” chegou com barulho, assim como “Irmandade”. 

A HBO investe desde 2005 em produção nacional com nomes de peso como Karim Aïnouz, Sérgio Machado, Anna Muylaert, Cao Hamburger e Fernando Meirelles. “A HBO é pioneira na produção de conteúdo premium no Brasil e responsável pelo uso do termo ‘produção original’, que antes não existia aqui”, diz Roberto Ríos, vice-presidente de Produções Originais da HBO Latin America.

“De 2018 até o momento, anunciamos 21 produções, incluindo duas originais: ‘Todxs Nós’ e ‘Pico da Neblina’, que foi ao ar em agosto e fez grande sucesso com público e crítica ao redor do mundo. Também comemoramos a produção das novas temporadas de ‘Psi’, ‘Greg News’ e ‘A Vida Secreta dos Casais’”, complementa. Além disso, a HBO sempre lança produções como “Game of Thrones”, “Big Little Lies” e “Watchmen”. 

Diante desses dois gigantes, o Prime Video chegou de mansinho, com preço baixo e atrações exclusivas que valem a assinatura. Estão no streaming da Amazon as séries “A Maravilhosa Sra. Maisel” e a premiadíssima “Fleabag”. Neste mês, a empresa ganhou um diferencial de peso ao fechar acordo com a Disney. Por fim, o Globoplay, com a abertura de atrações como as novelas, tem conquistado uma audiência de 22 milhões de pessoas ao dia – mas nem todos assinantes. 

Enquanto o Disney+ não vem, conteúdo está no Prime Video

A Amazon assinou, no início deste mês, um acordo de licenciamento de conteúdo com a Disney. Assim, o Prime Video passa a ter em seu cardápio os sucessos da Disney, incluindo hits da Marvel como “Capitã Marvel”, já no ar, e “Vingadores: Ultimato”. As animações e live-actions também estão no pacote, com “Toy Story 4”, “Aladdin” e “O Retorno de Mary Poppins”.

A parceria prevê ainda a exibição das produções da ABC como “Grey’s Anatomy”, menina dos olhos da Netflix, que deve migrar para o Prime Video. O acordo tem validade até setembro de 2020, enquanto o Disney+, streaming da Disney, não chega ao Brasil.