Estreia

'Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal' estreia nos cinemas de BH

Filme mostra a personalidade manipuladora do serial killer sem focar seus crimes e mostrar muito sangue

Por Etienne Jacintho
Publicado em 25 de julho de 2019 | 03:00
 
 
 
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Ao contrário de outros filmes sobre assassinos em série, “Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal”, que estreia hoje em BH, não tem suspense. Somente em um momento ou dois, o espectador se sente desconfortável. O diretor Joe Berlinger optou por focar a história de um dos mais cruéis criminosos dos EUA a partir de suas prisões, suas fugas e seus julgamentos sob a perspectiva de Liz (Lilly Collins), sua companheira durante o período de alguns dos assassinatos. Talvez não tenha sido a melhor escolha narrativa, mas, certamente foi a solução encontrada por Berlinger para “seduzir” também o público e até causar empatia no espectador mais desavisado, que não conhece a história desse assassino. 

Theodore Robert Bundy confessou o assassinato de 30 mulheres, com violência e crueldade extremas, nos anos 60 e 70, em diferentes Estados americanos. Acredita-se que esse número seja muito maior. Charmoso e midiático, o estudante de direito não precisava se esforçar para atrair suas vítimas. Bastava sorrir para ganhar confiança. O julgamento que o levou à cadeira elétrica foi visto, dentro do tribunal, por dezenas de jovens apaixonadas. Na televisão, o evento atraiu milhares de espectadores. Foi o primeiro julgamento televisionado daquele país. 
O filme traz Zac Efron como Bundy e, surpreendentemente, ele até que dá conta do papel. Claro que não é uma atuação brilhante, mas é honesta. Efron consegue passar para o público o sarcasmo de Bundy com um olhar dissimulado. Também é possível ler sua psicopatia. E, claro, o ator é belo – um pouco além do Bundy real. 

Assim como os personagens do filme, o público também não vê Bundy cometendo seus crimes. Portanto, o criminoso não aparece em seu descontrole e fúria assassina. Efron tem sua atuação contida. Não é como Charlize Theron, por exemplo, em “Monster: Desejo Assassino”, em que interpreta a serial killer Aileen Wuornos. No longa, a atriz mostra todo o impulso e a raiva que move a assassina. 

“Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal” segue por outra direção e, quem espera encontrar cenas de terror, sangue e ação sairá do cinema decepcionado. Não há nada disso. Alguns crimes são detalhados apenas durante o julgamento, e o espectador recebe apenas as informações técnicas que o júri recebe. Detalhes narrados sobre como ele teria estuprado, violentado, torturado e matado duas de suas vítimas na Flórida. 

A única informação extra que o público recebe diz respeito ao que Bundy teria dito para suas duas mulheres: Liz, por quem ele era obcecado, e Carole Ann (Kaya Scodelario), que era obcecada por ele e com quem teve uma filha, concebida na prisão. 

Falhas e acertos

Muitas críticas têm sido feitas ao filme sob a alegação de ter humanizado o criminoso. Porém, a intenção foi a de retratar essa marca não rara entre os psicopatas. Muitos são pessoas socialmente agradáveis e carismáticas. O filme não traz uma romantização. O problema é que há uma pobreza na construção de Liz e de Carole Ann e nas atuações de Lilly e Kaya, que abusam da ingenuidade de suas personagens. Lilly não dá a força dramática necessária para o pesadelo que foi a vida de Liz com Bundy atrás das grades. O alcoolismo, a culpa e a dificuldade de ação da personagem passadas de forma tão superficial é um ponto que incomoda e atrapalha o andamento do filme, assim como sua falta de ritmo. 

O julgamento de Bundy na Flórida, no entanto, tem boas cenas e diálogos reproduzidos integralmente do evento televisionado para todo o país. John Malkovich dá vida ao juiz do caso com competência e engole a atuação de Efron, elementar. É divertido ver também Jim Parsons num papel do promotor responsável pelo caso e sem traços de seu Sheldon Cooper, de ‘The Big Bang Theory”. 

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