Rasgadas pelo ex-marido, algumas das mais de 300 composições de Dona Onete, 80, acabaram se perdendo nesse gesto violento. Nada que fosse capaz de deter “essa mulher que vem chutando a porta”. “Ela quebra esse predomínio masculino na cultura popular, em que os mestres são os homens, eles que produzem as obras, e a mulher fica relegada ao lugar de prenda, se conforma em ser cortejada. Dona Onete quebra esse preconceito”, enaltece Ana Luísa Cosse, integrante do grupo Tutu com Tacacá, que homenageia nesta segunda (21) a cantora paraense.
Depois que se libertou da opressão que vivia no matrimônio, a intérprete, conhecida como “diva do carimbó chamegado”, colocou na praça quatro álbuns, recheados de faixas autorais. Passando pelo bolero, o carimbó de raiz e a guitarrada, a trupe mineira, que traz no nome a união de um ingrediente da culinária local, no caso o tutu, com o tacacá, iguaria da região amazônica, promete dar voz a sucessos como “Jamburana”, “Boto Namorador” e “No meio do Pitiú”, além de canções próprias.
“Esse estilo conhecido como ‘carimbó chamegado’ é exclusivo da Dona Onete, porque ela não trata, somente, da natureza e da culinária, mas também traz uma malícia, no bom sentido”, observa Ana Luísa. A vocalista teve o primeiro contato com a música de Dona Onete aos 24 anos. “Moreno Morenado” plantou a semente que se desenvolveria com o carnavalesco Bloco da Fofoca, oriundo do grupo folclórico Aruanda. Ao levar o carimbó para o Carnaval, o conjunto percebeu que havia uma lacuna a ser preenchida. “Trouxemos instrumentos tradicionais do Pará e introduzimos a musicalidade mineira”, diz Ana Luísa, que já se encontrou com Dona Onete. “Ela é muito solícita”, elogia.
Serviço
Tutu com Tacacá homenageia Dona Onete, nesta segunda (21),