Jornalismo

William Waack fala do desafio na CNN e da situação política do país

Ele estava fora do ar há quase dois anos, desde que foi demitido pela Rede Globo

Por Rafaela Mansur
Publicado em 12 de agosto de 2019 | 03:00
 
 
 
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Com a expectativa de estrear ainda neste ano nas telas da CNN Brasil, William Waack considera o trabalho no novo canal de notícias o “passo mais alto” de sua carreira. Fora do ar há quase dois anos, o jornalista vai apresentar um telejornal diário no horário nobre da emissora, que está montando um time diverso e cheio de ex-globais.

“Eu já estou sob contrato da CNN Brasil. Ela deve entrar no ar possivelmente até o final do ano, você sabe todas as dificuldades técnicas envolvidas em uma operação dessa amplitude partindo do zero. Eu vou para 50 anos de carreira agora e considero o passo mais alto que já dei poder participar da equipe da maior empresa de jornalismo no mundo”, afirmou Waack, em entrevista concedida durante a participação em um evento do setor sucroenergético na última semana, em Campo Florido, no Triângulo Mineiro.

Desde que foi afastado da Rede Globo, em novembro de 2017, após a divulgação de um vídeo, pelo qual foi acusado de fazer comentários racistas fora do ar, durante as eleições norte-americanas, Waack tem ministrado palestras pelo país. O jornalista também desenvolveu um projeto chamado Painel WW, que tem como produto principal um programa semanal de debates comandado por ele e transmitido ao vivo pela internet, às sextas-feiras.

Waack conta que as experiências fora da bancada têm sido proveitosas. “Eu estou evidentemente muito contente com a liberdade pessoal que eu tenho agora, porque sou dono da minha agenda, e particularmente contente porque esse trabalho que eu tenho desenvolvido de proferir palestras tem me levado a todas as partes do Brasil. O que eu posso dizer é que, nesse período, eu aprendi mais do que em 12 anos no estúdio”, disse.

Em Campo Florido, o jornalista falou sobre política e economia brasileiras e destacou que o país está construindo uma imagem negativa no exterior. Segundo ele, as políticas ambientais do governo brasileiro estão sendo alvo de críticas por boa parte da imprensa conservadora e de direita internacional. Na avaliação de Waack, o país está caminhando para “uma situação política ainda muito turbulenta”, e o jornalismo deve manter seu papel: “Ter respeito ao público, tratar as pessoas com dignidade e respeito e tratar de separar aquilo que é notícia daquilo que é opinião”, declarou o jornalista.

Além de William Waack, a CNN Brasil anunciou a contratação de Evaristo Costa, antigo apresentador do “Jornal Hoje”, e Phelipe Siani e Mari Palma, que atuavam no canal global. A emissora contratou, ainda, Luciana Barreto, que trabalhava como repórter do Canal Futura, pertencente ao Grupo Globo. A sede do canal de notícias será em São Paulo.

Perda de tempo

Waack disse ao público do evento que o país está perdendo tempo e energia com polêmicas, como a do filme ‘Bruna Surfistinha’: “Cada um resolve o filme que quer fazer”, afirmou.

 

Mini-entrevista

William Waack

Jornalista

Qual a expectativa em relação à estreia na CNN Brasil?

(O canal) deve entrar no ar possivelmente até o final do ano, está começando do zero. Vou apresentar um telejornal diário em horário nobre, entre 20h30 e 22h, no padrão habitual a que todo mundo está acostumado.

Qual sua visão sobre a situação brasileira atual?

Acho que nós estamos indo para uma situação política ainda muito turbulenta. A reforma da Previdência é necessária, mas não é suficiente. A principal agenda que se coloca a todos nós é aumentar nossa produtividade e capacidade de competição internacional.

Qual o papel do jornalismo nesse contexto?
Acho que o papel do jornalismo não mudou ao longo de todos esses anos: ter respeito ao público, tratar as pessoas com dignidade e respeito, e separar aquilo que é notícia daquilo que é opinião.

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