A investigação que busca determinar se houve responsabilidade criminal pela queda da aeronave que transportava a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas, em 5 de novembro de 2021, só deve ser concluída no primeiro trimestre de 2023. A informação foi confirmada à reportagem de O TEMPO por uma fonte diretamente ligada ao inquérito, que é conduzido pela Polícia Civil de Caratinga, na região do Rio Doce.  

“Estamos próximos da conclusão. Dependemos de alguns laudos só para descartar algo relacionado à aeronave antes de concluir”, afirmou a fonte. Procurada pela reportagem, a Polícia Civil afirmou que detalhes do caso só serão divulgados em coletiva de imprensa prevista para esta sexta-feira (4). 

A demora na conclusão do inquérito policial é atribuída à complexidade do trabalho pericial feito nos destroços do avião e da análise de detalhes sobre o voo. Já se sabe que, instantes antes da queda, a aeronave se chocou contra cabos de alta-tensão de uma torre de distribuição da Cemig.

No entanto, a ausência de uma caixa-preta, equipamento que registra dados do voo e conversas da tripulação, torna mais lenta a identificação de possíveis complicações no trajeto ou falhas mecânicas. 

Aeronáutica também investiga a tragédia 

O laudo elaborado pelos peritos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) deve apontar o que provocou a queda da aeronave. O órgão, que não aponta culpados, tem como único objetivo a prevenção de novos acidentes. No entanto, até o fechamento desta edição, não havia prazo para divulgação do relatório final. “A investigação está em fase final e terá o menor prazo possível para a conclusão, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os fatores contribuintes”, informou a Aeronáutica em nota.  

O consultor aeronáutico Renato Cláudio Costa Pereira, ex-secretário da Organização da Aviação Civil Internacional (Oaci), esclarece que não existe prazo predeterminado para elucidação de acidentes aéreos, uma vez que a investigação só é concluída depois de serem analisados todos os detalhes que envolvem o histórico do avião e do voo. “O acidente não depende de um único fato. É um colar de eventos que se sucedem e que levam o avião a um acidente catastrófico”, observa.  

Pereira ressalta ainda que Cenipa e Polícia Civil atuam de forma independente, uma vez que a investigação do órgão vinculado à Aeronáutica não visa apontar culpados pelos acidentes. “Para o Cenipa, não existe responsável. Existe alguma coisa que foi feita errada dentro da história do projeto ou da operação do avião. É uma investigação para prevenção, e não para punição para quem quer que seja. Se, no fim, descobrirem que houve alguma ação que fez com que o acidente acontecesse, essa informação será transferida para a polícia”, esclarece.

O que diz a Cemig

A Cemig informou, em nota, que a torre de distribuição de energia atingida pelo avião está fora da zona de proteção do aeroporto, o que dispensa a necessidade de sinalização dos cabos com esferas laranjas. A companhia afirmou ainda que nunca recebeu solicitação de alteração ou ajuste da estrutura. 

 

Veja conteúdo especial nas edições impressas dos jornais Super Notícia e O TEMPO e na programação da rádio Super 91,7 FM de sexta-feira (4). No sábado (5), o programa Manhã Super também traz homenagens à Marília Mendonça.