Com várias novidades na cartola, começa nesta quinta-feira mais uma edição do Microteatro La Movida, pelo segundo ano consecutivo no formato online e com acesso gratuito. Com um título especial - Microteatro.br -, a iniciativa traz, desta vez, 16 micropeças. Uma entre as inovações aludidas reside no fato de que quatro delas são dedicadas ao público infantil, com apresentações aos sábados, às 16h e às 16h20, no Instagram do espaço: @lamovidamicroteatro. As demais, direcionadas para o público adulto, serão exibidas sempre quintas e sextas, com sessões às 21h, 21h20 e 21h40, no mesmo endereço virtual. Uma boa notícia para quem não conseguir assistir às apresentações no horário oficial de transmissão ou mesmo para quem quiser revê-las é que as micropeças ficam disponíveis na plataforma durante 30 dias após o evento - mais uma vez, gratuitamente.
Além da inclusão de produções voltadas para a criançada, outra inovação já foi até mencionada de raspão no início desta matéria: o nome do festival. De acordo com a produção do evento, a temporada virtual desse ano passa a se chamar Microteatro.br para reforçar a manutenção da diretriz de ser uma iniciativa de curta duração, porém, por meio de uma plataforma virtual (daí o “.br”). "A essência do microteatro é a produção de conteúdos de até 15 minutos, e por isso o tempo foi um fator determinante para a gente optar por essa estratégia: conteúdos curtos para serem consumidos pela tela do celular. Esse ano, os espectadores serão convidados a virar a tela do telefone para poder desfrutar de uma imagem mais ampla. As micropeças foram filmadas neste formato pensando em captar todos os movimentos para caber dentro dessa tela que a gente manuseia o tempo inteiro durante o nosso dia a dia", explica Clarice Castanheira, idealizadora do Microteatro La Movida.
Outro investimento é na interação com a plateia, com a volta do mestre de cerimônias: só que agora interagindo pela tela, chamando as pessoas para assistir às micropeças. "Trata-se de uma figura muito importatne para a experiência do microteatro, e ele, ao vivo, vai apresentar as atrações da noite".
Os trabalhos selecionados após um chamamento foram gravados em espaços parceiros do festival: Clementina (BH), Espaço Aberto Pierrot Lunar (BH), Grupo Trama de Teatro (Contagem) e C.A.S.A. - sede do Grupo Armatrux e da Companhia Suspensa (Nova Lima). Antes de iniciar a captação das cenas, foram realizadas conversas com cada um dos selecionados, que, vale dizer, este ano são: Carolina Correa, Ana Carolina Siqueira e Clara Fadel, Marcus Labatti e Alexandre Toledo, Chico Aníbal e Margareth Serra, Idylla Silmarovi e Juliana Abreu, Maria Tereza Costa, Grupo Maria Cutia, Micheline de Paula, Sitaram Custodio, Elisângela Souza, Lira Ribas, Breve Cia., Cia Dois em Um, Marcelo Veronez, Cia Boemia Literária e Grupo Movência.
O ator Chico Anibal, que apresenta amanhã a micropeça "Aí vem o Temporal", de Karl Valentim, conta que é a sua primeira vez tanto no festival quanto na experimentação da linguagem digital. "Eu e a Margareth Serra, queridíssima, companheira de várias montagens, estamos ansiosos. A peça foi escrita na década de 1930, mais ou menos, e mostra um casal na rua, cheio de pacotes e outras coisas nas mãos. E começam a discutir a melhor forma de ir para casa antes que a chuva venha. Mas acaba que não dá tempo. Eles não decidem e, ensopados, resolvem ir a pé. É uma cena bem nonsense. espero que todos se divirtam. Tem dez anos que moro em Vitoria, estou retornando agora à cena mineira, e, por isso, acho que tem uma galera que não me conhece, então, vai ser uma boa oportunidade".
Lira Ribas, por sua vez, fala de "Surubim". "Éi uma cena criada a partir da pesquisa de um trabalho que desenvolvo em cima de figuras encantadas, muitas delas inspiradas em histórias, figuras e personagens da cultura barranqueira, do rio São Francisco. Essa Surubim foi inspirada tanto nesta figura encantada dessa mulher peixe, que vira Rio, quanto num poema de Marku Ribas, meu pai, que eu já usei inclusive no FAN, no espetáculo 'Orange Lady Universo Marku'".
A cena aborda discorre sobre a rede que tenta capturar e aprisionar essa mulher, mas da qual ela consegue se soltar para virar rio. "Falo um pouco também sobre a força de ser mulher, de se entender enquanto forte. É uma cena inédita no formato presencial, mas já foi apresentado em vídeo em outra mostra. No entanto, foi criada pensando neste formato, apesar de que eu quis deixar a forma de se atuar e de montar a cena como se eu estivesse com o público na minha frente. Então, acaba que a câmera foi apenas um olhar de fora em cima dessa cena que eu estava fazendo para o espectador presencial", diz ela, lembrando que o formato virtual ainda é uma novidade para os atores. "Mas também tem sido muito bom fazer assim, é uma forma de criação também, inaugura outras possibilidades".
No geral, os artistas selecionados escolheram caminhos distintos para darem seu recado - assim, há micropeças musicais, dramáticas, cômicas, teatro de bonecos, show, teatro de máscara, animação. No que tange aos argumentos, muitos abordam temas atuais e políticos, mas sem deixar além de assuntos que passam pela existência humana.
Serviço
Microteatro La Movida – edição virtual Microteatro.br -
No Instagram @lamovidamicroteatro.
22 a 31 de julho
Sessões virtuais gratuitas
Mostra adulta - quintas e sextas – 21h, 21h20 e 21h40
Mostra infantil – sábados – 16h e 16h20