Embora até já tivesse lançado algumas de suas obras elaboradas na esfera do ficcional, a autora mineira Paloma Bernardino Braga fez a opção de, neste ínterim, não submeter ao olhar do outro a sua safra poética. Este ano, porém, ela quis que fosse diferente. “Produto Artesanal” (Editora Penalux), livro que será lançado neste sábado, às 19h, no Instagram @pbbautora, é o resultado dessa nova diretriz. Trata-se de uma compilação de poemas que ela escreveu em momentos distintos do curso da vida, sendo que os "mais antigos" - a palavra soa estranha ao se ter em conta que ela registra apenas 24 anos - foram revisitados e reescritos para que, segundo ela, pudessem estar em consonância com toda a obra. "O fio condutor é o próprio fazer discursivo. É uma forma de artesanato com palavras", discorre.
Paloma diz que “Produto Artesanal" é uma obra voltada à metalinguagem. "É uma forma de demonstrar como tecemos linhas invisíveis e moldamos nossas experiências. Além do amor, assunto quase obrigatório na poesia, há também alguma crítica social. Mas a principal temática é a solidão que, de alguma forma, perpassa toda a poesia", reflete ela, que instigada a listar as influências mais marcantes de sua formação, recorre a nomes de gerações e nacionalidades distintas, como Manuel Bandeira, Cecília Meireles, Ana Elisa Ribeiro e Emily Dickinson. "Mas também gostaria de incluir, nesta lista, teóricos como Vera Casa Nova, Ítalo Moriconi e Maria Luiza Ramos".
Mestranda em estudos linguísticos pela Universidade Federal de Minas Gerais, Paloma detalha nuances do nome desse novo livro. "A primeira palavra faz menção ao fato de que todos nós somos, claro, produto das nossas vivências e emoções. 'Artesanal', por sua vez, refere-se ao fazer discursivo. Texto é uma palavra que se originou do latim 'textus', que significa tecido, entrelaçamento. 'Produto Artesanal' ecoa, portanto, os sentimentos que me moldaram e as palavras que me escreveram".
No feixe de poemas reunidos na obra, um dos seus preferidos, assume, é “Coração de Papel”. 'Foi inspirado em uma apresentação de trabalho na faculdade, quando alguém amassou um papel e usou o gesto como metáfora. Naquele momento, percebi que o coração se assemelhava muito àquela folha amassada".
No que tange à pandemia, Paloma conta que, de alguma forma, a quarentena acabou inspirando a feitura de alguns poemas, mesmo enfatizando ser um momento triste e difícil". "Mas gosto de pensar na literatura também como uma forma de recortar um período da história sob a perspectiva de alguém", situa.
Sobre a autora
Natural de Belo Horizonte, hoje morando em Contagem, Paloma é graduada em Letras pela UFMG, com licenciatura em português, e mestranda em Linguística do Texto e do Discurso também pela mesma universidade. Tem certificação em escrita criativa pela Wesleyan University, de Connecticut (EUA). É co-organizadora do projeto de escrita criativa "Em um mês, um conto", que reúne autores de todo o Brasil.
"Produto Artesanal"
Editora: Penalux - selo poesia
Páginas: 102
Lançamento neste sábado, às 19h, no Instagram @pbbautora
Valor* : R$ 38 (livrarias) ou R$ 35 (diretamente com a autora, via redes sociais)
Vendas: Amazon; Submarino, Editora Penalux, Um Livro e redes sociais da autora (Instagram: @pbbautora)
* Após o lançamento, quem adquirir o livro receberá, além da dedicatória, uma ecobag, um kit de marcadores de páginas e um kit "faça seu Produto Artesanal", com bloquinho, lápis e ideias para rimas.