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MTV Brasil: fãs pedem que acervo do canal seja disponibilizado para o público

Cerca de 40 mil fitas com os arquivos da emissora musical estão guardados no prédio da Editora Abril, em São Paulo

Por Renato Lombardi
Publicado em 20 de outubro de 2020 | 06:30
 
 
 
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Desde que saiu do ar, em 2013, todo o acervo da primeira era da MTV Brasil ficou guardado na antiga sede do canal, no bairro do Sumaré, em São Paulo, prédio que também foi sede da extinta TV Tupi. Somente em julho deste ano, as milhares de fitas betacam analógicas, com todos os programas do canal, foram transferidas para o prédio da Editora Abril, na capital paulista - a empresa, que tinha a concessão da marca no país, é dona do material produzido nos 23 anos que o canal esteve no ar. Mas, qual será o destino desse arquivo? No ano em que se completa 30 anos da estreia da MTV Brasil, movimento que começou nas redes sociais pede a digitalização e a disponibilização do acervo do canal de música 

Segundo o portal Uol, são cerca de 40 mil fitas com conteúdo produzido desde a estreia do canal, em 1990, até seu encerramento, em 2013. Entre elas está o original do “Acústico MTV Roberto Carlos”, que nunca foi exibido na TV por causa do contrato de exclusividade que o cantor mantém com a Globo há décadas, além dos registros de todas as edições do “Video Music Brasil”, ou “VMB”, que durante anos foi a principal premiação da música no país. O futuro desse conteúdo ainda é incerto. Tanto a Editora Abril quanto a ViacomCBS, detentora da marca MTV, já demonstraram interesse no material. 

No Instagram, três perfis dedicados à antiga MTV Brasil, criados por fãs - A MTV Brasil que Deu Certo (@amtvquedeucerto), MTV Brasil Memórias (@mtvbrasilmemorias) e Disk MTV (@diskmtvbr) - se uniram e lançaram, em junho deste ano, a petição“Eu quero a minha MTV de volta”. O documento, que já passou a marca de 6.500 assinaturas, pede a recuperação, digitalização e a disponibilização dos arquivos do canal. “Nós vimos que os ex-VJs enfrentam dificuldades para acessar os vídeos dos programas que eles fizeram lá. Por isso, nós resolvemos fazer essa petição para que esse acervo seja digitalizado e disponibilizado para o público de uma maneira menos burocrática, e que as empresas (Editora Abril e ViacomCBS) entrem em um acordo”, explicou Leandro Marino, administrador da página Disk MTV.

Caio Pinheiro, nome por trás do perfil A MTV Brasil que Deu Certo, completou que outro ponto que contribuiu para criar a petição foi o fato de muitos fãs os procuram acreditando que eles têm acesso ao acervo do canal. “Por isso nós estamos sugerindo um canal de memórias no formato do Viva, da Globo, ou no serviço de streaming, aproveitando a chegada da Pluto TV, da ViacomCBS, que será lançado em breve no Brasil”, afirmou ele, destacando que o acervo possui muitos registros históricos. 

Para Felipe Arcelino, da página MTV Brasil Memórias, ressaltou que o canal marcou sua adolescência, numa época em que a internet ainda não era tão acessível como é atualmente. “Eu sou apaixonado por música, e, naquela época, era da MTV que eu todas as informações sobre música”, disse ele. “A gente não tinha acesso com facilidade ao Youtube para assistir ao clipe que queria; tinha que esperar passar na MTV. Acho que isso deixou uma sensação mais nostálgica.  Hoje em dia é tudo mais simples. Talvez por isso a gente tenha tanto apego à MTV, porque naquela época tinha essa conquista de assistir querendo ver um clipe e, quando a gente mesmo esperava, ele era exibido”, analisou.

Leandro garante que a MTV Brasil deixou um legado que vai além da música. “O canal se preocupava em informar o jovem sobre o que estava acontecendo na política; tinha a questão da aids, que todo ano eles faziam o especial no dia 1º de dezembro. O legado não era só o videoclipe, o legado era todo esse aparato de coisas para formar o caráter do jovem que acompanhava ela. O legal da MTV era que ela falava de igual para igual”, concluiu ele.

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