No ar na “Escolinha do Professor Raimundo” e no “Altas Horas” e prestes a estrear um projeto com Miguel Falabella para a Globoplay, o ator e humorista garante que está sempre disposto a encarar novos formatos, sem medo das críticas.

Como é o processo de criação de seus personagens? Bem, primeiramente eu penso em que tipo de persona quero dar vida. Logo na sequência, penso em que contexto, em qual cenário ele estará envolvido. Sempre fui muito observador, então, busco inspirações que tenham a ver com o personagem que estou criando e, daí, começo a fazer uma análise dos trejeitos, das características marcantes, do sotaque, de coisas que combinem com ele. Vou testando até achar o tom certo. Se você analisar, cada um dos meus personagens tem uma característica marcante que representa alguma região do Brasil. A diversidade do nosso país é uma boa fonte de inspiração.

Você garantiu um bom espaço no "Altas Horas" e uma parceria bacana com o Serginho Groisman. Como vê sua participação no programa? Além desse quadro novo, há algo mais sendo planejado? O “Altas Horas” abriu muitas portas e o Serginho é um grande amigo. Sou muito feliz por fazer parte de um projeto tão grande. Para mim é uma experiência ótima e positiva. Meus personagens ganharam ainda mais visibilidade após entrar para o programa. Também pude mostrar mais a minha vertente de apresentador nesse novo quadro. O resultado de misturar o papo sério com a brincadeira, com o humor, é incrível. Para o futuro, por enquanto não tenho nada que possa ser dito, mas busco sempre levar meu melhor para o público.

Na “Escolinha”, você entrou interpretando o Nerson da Capitinga e agora é o Patropi. Por que a mudança? Como recriar um personagem que já está fincado na cabeça dos espectadores? A mudança aconteceu de forma natural. Acredito que assim como qualquer personagem que interpreto, o processo é como uma adaptação. Algumas coisas do humor de antigamente já não cabiam na sociedade de hoje e era necessário nos adaptarmos. É um prazer interpretar outro personagem tão consagrado e feito por um outro ícone do humor brasileiro, o Orival Pessini.

Sobre esse humor “de antigamente”, a Globo vem modernizando atrações clássicas, como o “Zorra” e a “Escolinha”. Acha que esse processo tem encontrado resistência nos espectadores mais velhos? Tudo passa por processos de modernização e é natural que o público também se modernize e espere por isso. Os atores que estão fazendo parte desse projeto atualmente são excelentes profissionais, e o que mudou foi só a contextualização do cenário em que eles estão inseridos. A essência dos personagens se manteve.

O que você pode contar sobre o projeto com o Miguel Falabella? A série se chama “Eu, a Vó e a Boi”. É um projeto bem bacana, o que não poderia ser diferente vindo do Miguel. Não posso dar muitos detalhes ainda, mas interpretarei o Montgomery, que é filho da “Boi”, Yolanda, personagem da Vera Holtz. A “Boi” tem uma briga com a vizinha, que é a personagem da Arlete Salles. O meu personagem é casado com a Norma, que é interpretada pela Danielle Winits, e eles têm dois filhos. Meu personagem não é um cara muito organizado nem um pai muito atencioso. Ele foge e volta dez anos depois e só se mete em confusões. Já dá para imaginar, né?

Você já tem projeto na Netflix e agora terá outra atração na Globoplay. Como vê o streaming hoje? É uma plataforma que quer explorar mais? O serviço de streaming hoje é uma das principais plataformas de entretenimento e distribuição de conteúdo, então, é normal que também seja uma tendência a explorar e aumentar possibilidades. Para a Netflix, gravei um dos meus shows, o “Tamo Junto”. No momento, estou com esse projeto, “Eu, a Vó e a Boi”, que será distribuído pela GloboPlay e que, mesmo sem ainda ter estreado, já tem um retorno bastante positivo.

Você já fez de tudo: stand up, teatro, cinema, talk show experimental, etc. Não tem medo de "se jogar" tanto?Tudo que é novo assusta um pouco, é natural. Mas acho que a minha vontade de crescer e de experimentar coisas novas é maior que o meu medo, por isso me jogo tanto nos projetos. Procuro sempre experimentar novos formatos e desafios. O público merece sempre o nosso melhor como artista.

Quando você estava no “CQC”, enquanto alguns colegas separavam bem a postura no stand up da postura no programa, você não deixava de lado esse seu escracho. Alguns viam nisso algo positivo; outros consideravam “molecagem”. Foi algo pedido na época ou você seguiu sua intuição? Sou brincalhão, quem me conhece sabe que faço piada com tudo. Procuro sempre a leveza das coisas. Talvez isso tenha sido mal interpretado, mas era apenas o Marco Luque sendo o Marco Luque. No stand up, brinco com as questões da sociedade, do dia a dia, mas não é um personagem. O “CQC” era um programa sério, que abordava questões políticas, mas tinha uma vertente humorística em sua essência.

Aliás, você é um humorista que divide opiniões. Como lida com as críticas negativas? Como figura pública é normal estarmos mais vulneráveis às críticas. Quando é algo que me acrescenta, que pode ser construtivo, absorvo e tento me policiar para corrigir. Se é algo que não vá me agregar em nada, eu não dou bola e sigo em frente.

O que o público pode esperar de seu novo show? Estou voltando aos palcos com meu novo show solo de personagens, o “Marco Luque em Todos Por Um”. É um espetáculo totalmente novo, com texto coproduzido por mim e com meus personagens mais marcantes. Tem algumas novidades nele também, mas que não vou contar por que são surpresas para o público. Espero que vocês gostem e se divirtam!