As organizadores do Circuito Urbano de Arte publicaram neste sábado, no perfil do projeto no Instagram, a notícia de que o Ministério Público de Minas Gerais deu parecer favorável para o arquivamento do inquérito que envolve as organizadoras do Cura e os artistas que colaboraram com a obra "Deus é Mãe". "Ainda aguardamos outras decisões por parte da justiça, mas este é o primeiro passo para que esta perseguição ilegal e racista em torno do maior mural em empena do Brasil seja encerrada", escreveram.

Elas acrescentaram que esse não é o único motivo que têm para comemorar. "Os artistas Robinho Santana, Poter, Lmb, Bani, Tek e Zoto foram convidados para participar do festival 'Verão Sem Censura', que acontece em São Paulo no mês de março, onde irão pintar juntos um novo painel a favor da liberdade de expressão e artística. Sabe de alguma empena que possa receber esse trampo? Conta pra gente!".

Ao fim, as organizadoras Juliana Flores, Janaína Macruz e Priscila Amoni reiteraram seus agradecimentos a "todes que se juntaram à nós para denunciar este absurdo. Apoiar a arte em tempos tão sombrios é defender a liberdade e lutar contra o autoritarismo. Seguimos atentas e fortes!", finalizaram.

Entenda a celeuma

 A polêmica envolve a obra "Deus é mãe", do artista Robinho Santana, que ocupa uma área total de 1.892 m² da fachada do edifício Itamaraty, localizado nas imediações da igreja de São José, no centro de Belo Horizonte. Na verdade, trata-se da maior obra de arte pública já criada no Cura. 

No início do ano, as três idealizadoras do Cura foram surpreendidas  com uma intimação, oriunda do Departamento Estadual de Investigações de Crimes Contra o Meio Ambiente da Polícia Civil de Minas Gerais, citando tanto as curadoras quanto empresas que patrocinaram o festival. A alegação era a de que, por conter letras com a estética do pixo (emoldurando a pintura, que representa uma mulher negra com seus dois filhos, um bebê e uma criança), a obra seria criminosa.

Na verdade, o painel contou com a colaboração dos artistas belo-horizontinos Poter, Lmb, Bani, Tek e Zoto, convidados pelo próprio Robinho e pelas curadoras do Circuito.  Eles fizeram a intervenção artística das letras, na estética citada, mas com o endosso de todos os envolvidos.