Desde o início de 2018 que a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais vem sofrendo com a falta de verbas. Passados oito meses e meio, e o grupo só recebeu da Secretaria de Estado de Cultura um terço do valor ao qual teria direito no ano: R$ 6 milhões do montante total (R$ 18,3 milhões). Até setembro, o valor a ser repassado deveria ser R$ 12,3 milhões.

Por conta disso, a Filarmônica teve que abrir o cofre e utilizar sua conta reserva a fim de pagar seus 90 músicos, dez técnicos de orquestra e 40 funcionários de outras áreas – comunicação, marketing, produção etc. Apesar dos imprevistos, o diretor-presidente do Instituto Cultural Filarmônica, Diomar Silveira, se diz otimista. Ele acredita que a situação será sanada e que o valor restante (R$ 12,3 milhões) será repassado até o fim da temporada.

“Não é uma situação confortável, claro. Mas de modo algum acreditamos que o Governo não vá resolver essa questão. Nos foi assegurado isso. Estamos confiantes. Tem o valor de contrato, o valor do termo de parceria. Além disso, o Governo tem problemas muito maiores, e esse valor (R$ 12,3 milhões) não é tão alto que ele não possa resolver”, ressaltou Silveira.

A parceria entre a secretaria e a orquestra existe desde 2008, ano em que a Filarmônica foi criada. E esta é, segundo Silveira, a primeira vez que há atraso no repasse de recursos.

“Estamos acompanhando essa crise financeira do Estado. Vários setores estão passando dificuldades. E a Filarmônica não está saindo ilesa. A crise nos atingiu. Nosso modelo de gestão é calcado numa parceria com secretaria para que recursos sejam utilizados nos pagamentos de músicos e funcionários. Todo o restante vem de recursos captados pela Lei Rouanet e por meio das bilheterias”, afirma.

O combinado era de que o valor de mais de R$ 18 milhões fosse dividido em 12 parcelas mensais, o que não ocorreu. “Por conta disso, tiramos os recursos da nossa conta reserva para efetuar os pagamentos. Temos um boa gestão. Mas precisamos resolver essa situação com o Governo até o fim do ano”, ressalta o diretor-presidente.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado de Cultura, que, por meio de sua assessoria, enviou uma nota. Confira:

"Apesar da crise financeira que atinge todo o Brasil, o Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Estado de Cultura, tem garantido a continuidade das atividades da Orquestra Filarmônica, conjunto musical de referência nacional e internacional. Nesse contexto de crise, os repasses de verba à Filarmônica estão sendo parcelados, assim como outras despesas. O valor já repassado à Filarmônica até setembro/2018 foi da ordem de R$ 6,8 milhões, e a quantia atualmente em atraso é de R$ 8,2 milhões. O Governo tem se esforçado diariamente para regularizar toda essa situação excepcional".