'Menos que Um'

Patrícia Melo fala de seu novo livro no projeto 'Sempre um Papo'

Nova obra da celebrada autora se debruça sobre a população de rua, por vezes invisibilizada, por vezes visível a ponto de ser (muito) hostilizada

Por Patrícia Cassese
Publicado em 17 de maio de 2022 | 08:35
 
 
 
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Invisível, não. Invisibilizada por muitos, sim. “Trata-se de uma população que não é totalmente invisível. Ela o é apenas no momento de receber seus direitos, de ser assistida, amparada. Agora, para levar porrada de policiais, para ser humilhada e para sofrer todo tipo de violência, ela é, sim, muito visível”, diz a escritora Patricia Melo, sobre o tema que norteia seu mais novo livro, “Menos que Um” (Ed. LeYa Brasil). É ele, aliás, que a traz de volta ao projeto Sempre um Papo: a participação acontece nesta terça-feira, a partir das 19h, de forma online, com transmissão pelo YouTube do projeto.

A população que vive nas ruas, como se deduz, é a inspiração da narrativa. “A pesquisa para este livro foi complexa, porque o tema é difícil, dilacerante, e teve ainda a pandemia, que agravou a situação”, relata a escritora. Perguntada sobre a maior dificuldade neste processo, Patrícia aponta: “Foi encarar de frente este Brasil destroçado. Ver esta quantidade de gente sendo despejada, sem trabalho, passando fome nas ruas. O Brasil nunca foi tão trágico”. 

Justamente por esta convicção, a consagrada escritora não teria como não ver o tema como menos que urgente. “E faz tempo que eu queria escrever sobre este homem, cuja vida, para o Estado, é totalmente destituída de valor. A mera vida, como diz Walter Benjamin, ou ainda, a vida nua, de Giorgio Agamben. A vida cuja morte ninguém chora. A vida matável”, pontua a autora de “Acqua Toffana” e “O Matador”, entre outros títulos não menos importantes.


Instada a falar sobre um personagem em particular, dentro dos  que povoam a obra, Patricia Melo hesita: “São todos filhos queridos, e eu os levo com carinho, embaixo das minhas asas”. Quando a uma eventual inspiração na dita vida real, ela admite: “A realidade me inspirou, sem dúvida. Minha literatura é uma literatura realista. A carne da realidade fica sempre enroscada no arame farpado da minha ficção”.

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