O escritor Paulo Coelho rebateu algumas críticas de maneira curiosa nesta quinta-feira (9). Após dar de presente a sua mulher, Christina Oticica, um Jaguar F-Type Roadster vermelho, avaliado em R$ 450 mil, o escritor viu alguns de seus seguidores o criticarem. Mas, sem perder o bom humor, ele respondeu: "Tive um upgrade: de 'comunista de iPhone' para 'comunista de Jaguar'", escreveu no Twitter.
Paulo de fato já foi filiado ao extinto Partido Comunista Brasileiro Revolucionário nos anos 1970. O carro dado de presente é em comemoração pelos 40 anos juntos com Christina. Os dois vivem em Genebra, na Suíça.
Tive um upgrade: de “comunista de iPhone” para “comunista de Jaguar” https://t.co/alj7x4BY6v
— Paulo Coelho (@paulocoelho) July 9, 2020
Torturado
Em 2019, em artigo escrito para o "The Washington Post", Paulo Coelho descreveu a tortura que sofreu durante a ditadura militar. Autor de O Alquimista, entre outras obras que se tornaram best-sellers internacionais, Paulo Coelho era, à época, compositor. Paulo Coelho escreve que sua casa foi invadida no dia 28 de maio de 1974 e ele foi levado ao DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), fichado e fotografado. Liberado pouco depois, pega um táxi, que é fechado por outros dois carros, e ele é tirado de lá por homens armados. Apanha no caminho, depois na sala de tortura. Quando permitem que ele tire o capuz, se dá conta de que está numa sala a prova de som com marcas de tiro nas paredes. A tortura segue, ele conta.
"Depois de não sei quanto tempo e quantas sessões (o tempo no inferno não se conta em horas), batem na porta e pedem para que coloque o capuz. (...) Sou levado para uma sala pequena, toda pintada de negro, com um ar-condicionado fortíssimo. Apagam a luz. Só escuridão, frio, e uma sirene que toca sem parar. Começo a enlouquecer, a ter visões de cavalos. Bato na porta da 'geladeira' (descobri mais tarde que esse era o nome), mas ninguém abre. Desmaio. Acordo e desmaio várias vezes, e em uma delas penso: melhor apanhar do que ficar aqui dentro."
O escritor teve a iniciativa de publicar essa história quando o presidente Jair Bolsonaro sugeriu que os quartéis celebrassem o dia 31 de março, data que marca o golpe militar de 1964.