Música

Pilar estreia em disco com o autoral "Confluir"

O EP, já disponível nas plataformas de streaming, traz a participação de Zeca Baleiro na faixa Favela City

Por Patrícia Cassese
Publicado em 01 de julho de 2020 | 17:51
 
 
 
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Lançar um trabalho musical em meio a uma quarentena imposta por um novo vírus não é propriamente o que artista algum planejava até bem poucos meses atrás. Mas como a vida corre independentemente de nossos projetos, a cantora, compositora e artista visual Pilar, 24 anos, resolveu não deixar a peteca cair e apostar no poder nas plataformas de streaming. Sendo assim, lançou o EP "Confluir", no qual enfatiza uma faceta que descobriu há bem pouco tempo: a de compositora.  "Foi no final de 2018 que comecei a escrever as minhas primeiras canções.Mas acabei encontrando um fluxo criativo e compus todas as do disco. Na verdade, já temos 12 gravadas, mas lançadas, até o momento, seis".
 
Entre elas, está, por exemplo, "Favela City", que traz a participação de Zeca Baleiro. "O Adriano Magoo, meu produtor e amigo, é tecladista do Zeca há anos. Coincidiu de o Magoo estar escutando a mix da faixa em um dia em que eles tinham uma gravação agendada. E dei a sorte de o Zeca escutar a música e sugerir a parceria. Quase morri de felicidade. Sobre a faixa, ela fala sobre os grandes centros urbanos e sobre como, especialmente, nesses locais, se tornam explícitas as disparidades sociais e econômicas".
 
Outra música que ela destaca é "Namastreta".  "O nome por si só já denuncia o conteúdo (risos). Fala sobre aqueles dias nos quais parece que o mundo está contra você, bem Lei de Murphy", compara.  No cômputo geral, Pilar aponta o norte de seu trabalho como "uma MPB fusion". "Pois passeia por diferentes sonoridades e influências rítmicas. E por diferentes idiomas também", situa. 
 
Mesmo com a pouca idade, Pilar já participou do Brazilian Day de Estocolmo (no ano passado). E como foi parar lá? "Nem eu sei ao certo! (risos) Brincadeiras à parte, o convite surgiu do baixista Rubem Farias, que estava na curadoria do evento. Tocamos juntos em um evento paralelo à Virada Cultural de SP. Na ocasião, ele conheceu minhas  musicas e achou que caberia bem na programação. Foi uma experiência incrível", afirma a moça.
 
Como artista, Pilar lembra que teve uma formação bem eclética. "Me vêm à cabeça, de cara, o Buena Vista Social Club, Ella Fitzgerald, Tribalistas, Ellis Regina. Isso sem contar das influências mais recentes, que são várias".  Já no lado pessoal, ela confessa que passou o ano passado inteiro, enquanto estava na produção do álbum, apanhando para tentar se definir. "Até é um dos motivos de o álbum se chamar 'Confluir', exatamente por representar esse meu lado fluido e em constante mutação. Geminiana, já viu (risos). Mas me considero, no geral, uma pessoa comunicativa, sincera. Às vezes, até sincera demais (mais risos). Prezo muito pela minha liberdade, e algo que me cativa demais é conhecer e aprender coisas novas".
 
 A inquietude se reflete também no encontro com as artes visuais. "Sempre fui muito da ilustração realista, papel e grafite.  Mas de uns anos pra cá surgiu o desejo de experimentar novos meios. Comecei a brincar com o bordado, tinta acrílica, giz pastéis... Apesar de o meu tema de estudo quase sempre ser figuras humanas, ultimamente vario muito o tipo de material e canvas em que crio. Gosto das misturas".
 
Instada a falar sobre sua vida em tempos de pandemia, ela pontua: "Olha, uma pequena montanha russa. Tem dias que estou mais produtiva, e me aproveito disso para mudar um pouco o foco. Mas não tem como não se abalar com tudo que está acontecendo no momento atual. Nós, como seres humanos, estávamos vivendo no cheque especial em vários sentidos, como perpetuando comportamentos que já não cabem mais nesta nova era. Sinto que estamos em um ponto de virada, no qual uma chance nos está sendo dada: ou mudamos para melhor ou, infelzimente, para pior. Gosto de acreditar que vai ser para melhor".
 
Mesmo porque, a artista tem uma forte relação com o espiritual, o que a faz defender com unhas e dentes que as pessoas se conectem mais com o ser do que com o ter. "A minha trajetória na música está muito ligada a esse lado espiritual. Sinto que quando ressignifiquei a espiritualidade na minha vida, por consequência me reconectei com a música, que é algo muito espiritual por si só, que tem um poder de conexão imensurável.  E acredito que isso se encaixa a qualquer dom que recebemos. Quando exercitamos e praticamos esses dons, nos aproximamos da nossa essência", advoga.
 
Em tempo: o belo nome Pilar é, sim, o dela de batismo. "Quando era criança, sofri um bullying danado por causa dele. Odiava (risos). Hoje em dia, agradeço minha mãe por ele", diz a moça, que, nascida em Campo Grande, vive hoje em São Paulo.
 
Ouça aqui “Confluir” https://ONErpm.lnk.to/Confluir

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