A quinta edição do Cura, o Circuito Urbano de Arte, terminou neste domingo (4) com a entrega de quatro novos painéis em fachadas de prédios da região central de Belo Horizonte. Nesta segunda-feira (5), porém, a organização do evento divulgou um comunicado à imprensa em que nada tem a comemorar.

Segundo a nota, a obra “Entidades”, instalação que mostra duas cobras gigantes entrelaçadas nos arcos do Viaduto de Santa Tereza e pode ser vista pelo público até dia 22 deste mês, sofreu, nas redes sociais e em aplicativos como o WhatsApp, ataques e ameaças de destruição por parte de “internautas, candidatos e fundamentalistas religiosos”. 

“Os ataques à instalação representam um dos enfrentamentos vividos pelo CURA que, desde a sua primeira edição, em 2017, vai muito além das pinturas em fachadas cegas gigantes de edifícios da região central de Belo Horizonte. Por trás de cada obra de arte pública entregue à cidade, o festival mobiliza trabalhadores e organizações de diversos setores”, diz um trecho da nota enviada á imprensa. O Cura não fará denúncias formais à Justiça. 

“Entidades” é uma obra do artista indígena roraimense Jaider Esbell e carrega a simbologia de seu povo Makuxi, além de fazer referência à “Cobra Grande”, símbolo da fertilidade e da fartura, e que trabalha para proteger, alertar e manter vivos os povos originários. De acordo com a produção do Cura, o festival também sofreu ataques e tentativas de censura nas duas últimas edições.