A floresta amazônica foi totalmente devastada e uma tribo indígena isolada está quase extinta. Um software controla e seleciona quem tem acesso à política de cotas raciais para as universidades. Apesar de parecerem vislumbres do futuro, os dois relatos são – por enquanto – peças de ficção.
Autores desses relatos apavorantes, Joca Reiners Terron e Paulo Scott estarão em Belo Horizonte nesta segunda-feira (18), dentro do projeto Sempre Um Papo, para conversarem, respectivamente, sobre “A Morte e o Meteoro” (Todavia, 120 páginas, R$ 49,90) e “Marrom e Amarelo” (Alfaguara, 162 páginas, R$ 49,90 ), seus livros recém-lançados.
Terron conta a história da fictícia tribo indígena kaajapukugi, que tem apenas 50 indivíduos remanescentes. A solução encontrada é transferir esses índios para o México, onde serão recebidos como refugiados, já que a Amazônia foi totalmente devastada. Diante do noticiário recente sobre as queimadas na floresta e a morte de indígenas por garimpeiros e madeireiros ilegais, Terron rejeita a ideia de que tenha antecipado, no seu livro, a atual situação da Amazônia.
“Ouço comentários de leitores dizendo que parece que eu adivinhei o que viria. Mas quem conhece a relação trágica e extrativista do país com a Amazônia e o genocídio indígena sabe que é fácil deduzir o que vai acontecer”, afirma.
Já em “Marrom e Amarelo”, Paulo Scott parte da história dos irmãos Federico e Lourenço para discutir o preconceito com base no tom da cor da pele – quanto mais escuro, pior é a discriminação –, chamada de colorismo.
Apesar de irmãos, Federico tem a pele clara, enquanto Lourenço é retinto. Os dois enfrentam a questão racial e a discriminação cada um a seu jeito. Federico é chamado pelo novo governo para discutir os mecanismos para o preenchimento das cotas nas universidades, o que inclui a criação de um software para determinar quão negro, pardo ou indígena é cada candidato.
Para Scott, a urgência de se debater o assunto fica evidente diante de ocorridos como o visto no último clássico entre Cruzeiro e Atlético, quando um segurança foi vítima de racismo por um torcedor.
“Todos os meus livros dialogam com a questão da identidade. O colorismo é uma nova etapa de um debate que é extremamente urgente, e eu acho que auxilia na afirmação dessa nova identidade brasileira”, pontua Paulo Scott.
Agenda
O quê. Sempre Um Papo com Joca Reiners Terron e Paulo Scott.
Quando. Segunda (18), às 19h30.
Onde. Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes.
Quanto. Grátis.