Morreu na segunda-feira, 20, a jornalista, produtora e jurada Lúcia Camargo, aos 76 anos. Ela sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) no sábado, 18, e não resistiu. Nascida no Paraná, Lúcia integrou a curadoria do Festival de Teatro de Curitiba.
 
Em Belo Horizonte, ela presidiu o Instituto Cultura Orquestra Sinfônica, a Fundação Clóvis Salgado, o Palácio das Artes e o Centro de Referência da Fundação Municipal de Cultura. Em São Paulo, Lúcia assumiu a divisão de teatro da secretaria de Cultura do Estado nos anos 1990. Entre 2001 a 2004, foi diretora artística do Teatro Municipal. Ela também foi jurada do Prêmio Shell de Teatro e desde 2011, trabalhava na SP Escola de Teatro.
 
Nesta terça-feira, a Fundação Clóvis Salgado emitiu uma nota alusiva ao falecimento de sua ex-presidente. Leia a íntegra: "Com muito pesar, a FCS comunica o falecimento de Lúcia Camargo, jornalista, mestre em História do Brasil e gestora cultural, que presidiu a instituição entre 2007 e 2009. Natural de Curitiba, Lúcia Camargo chegou a Belo Horizonte em 2006, para presidir a Orquestra Filarmônica de MG, após deixar a diretoria do Teatro Municipal de São Paulo. No ano seguinte, assumiu a presidência da Fundação Clóvis Salgado, a convite da então secretária de Estado de Cultura, Eleonora Santa Rosa. Na FCS, a gestão de Lúcia Camargo foi marcada, entre outros projetos, pela valorização dos concertos, da dança e de grandes exposições, além da Circulação dos Corpos Artísticos (Orquestra Sinfônica, Coral Lírico, Cia de Dança e Orquestra Jovem) por mais de 700 cidades de Minas Gerais".
 
E prossegue: "Outro ponto alto da gestão de Lúcia Camargo foram as produções operísticas: "A Menina das Nuvens", "Aida", "A Redenção pelo Sonho", "Falstaff", "Erwathung", "Macbeth", "Pelleas et Melisande", entre outras. O trabalho da gestora também reforçou a internacionalização da Fundação Clóvis Salgado, com atrações internacionais como o Ballet Netherlands 2, o Balé da Coreia e o Balé de Tóquio. Lúcia Camargo também foi secretária de cultura da cidade de Curitiba e do Estado do Paraná, diretora administrativa da Universidade Livre de Música (ULM), coordenadora da Divisão das Casas de Espetáculos da Secretaria Estadual da Cultura de São Paulo, presidente da Rádio e TV Educativa do Paraná (TVE – Paraná), além de curadora de Festival de Teatro de Curitiba. A Fundação Clóvis Salgado se solidariza aos familiares e amigos de Lúcia Camargo nesse momento de dor".
 
Nas redes sociais, o falecimento de Lúcia Camargo também reverberou. "Foi um dos nomes mais atuantes e importantes da cultura brasileira nas últimas décadas", escreveu o jornalista e crítico teatral Miguel Arcanjo Pradp, em seu Blog do Arcanjo. Já a ex-Secretária de Cultura Eleonora Santa Rosa registrou, na sua página no Facebook: "Tive o enorme orgulho e satisfação de ter trazido Lúcia para as Minas Gerais, quando Secretária de Estado de Cultura. (...) Entabulamos muitas conversas, ideias de projetos culturais e tantos outros assuntos de interesse comum. Gentil e afetuosa, mesmo depois de minha saída da SEC, sempre me recebeu de braços abertos em SP, sempre disponível, com uma boa palavra e um sorriso em seu rosto, que me lembrava, às vezes, Gertrude Stein".
 
O cineasta e poeta Luiz Carlos Lacerda pontuou, também no Facebook: "Mulher guerreira, querida por todos os artistas,  especialmente os de Cinema e de Teatro, que sempre estimulou".
 
No site da SP Escola de Teatro, onde Lúcia era coordenadora de Extensão Cultural e Projetos Especiais da SP Escola de Teatro desde 2011 – com um intervalo entre 2016 e 2018, quando assumiu o cargo de secretária adjunta de Cultura do Estado;  o diretor Ivam Cabral escreveu: “Lucia Camargo é uma mulher fundamental na história do teatro brasileiro, seja à frente de projetos de formação artística, na gestão de importantes instituições cultural do País e como curadora e júri de premiações e festivais. Uma pessoa inteligentíssima, atenta e dedicada à sua grande paixão, que era a arte”.
 
O estilista Ronaldo Fraga foi outro a se manifestar: "Fui dormir muito triste e tendo em mim a sensação de desamparo em que vivemos reforçada com a morte de Lucia Camargo. (...)  'Erwartung', de 2009, foi a minha primeira incursão em óperas, convidado por ela. Montagem moderna com direção de Gilberto Gawronski , cenários de Adriana Varejão, videoarte de Éder Santos...sob o seu olhar não existia limites entre o erudito e popular, arte moderna e contemporânea. Nos deu tanto, mas ainda tinha muito por fazer pela cultura desse país. Vá em paz, grande mulher, mas saiba que foi uma baixa inestimável na combalida cultura brasileira nestes tempos obscuros".