Análise

Terceira temporada de 'La Casa de Papel' não decepciona os fãs

Com ação, suspense e ironia, série espanhola mantém seu formato e prova que ainda tem fôlego para um novo roubo

Por Etienne Jacintho
Publicado em 22 de julho de 2019 | 10:49
 
 
 
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O melhor de “La Casa de Papel”, da Netflix, não é o enredo em si. Claro que a série espanhola é emocionante, tem ação, personagens divertidos e ingredientes chamativos para prender a atenção de qualquer espectador. Porém, Álex Pina, seu criador, conseguiu sacar algo muito mais valioso e transformou sua atração em um manifesto. 

“La Casa de Papel” estreou sem estardalhaço, mas com um certo falatório. Poucas semanas depois de entrar no ar, a série começou a ganhar notoriedade mundial. De repente, bum! Virou sucesso, gerou memes, tornou-se símbolo de resistência. No carnaval brasileiro, as máscaras de Salvador Dalí – como as usadas pelos assaltantes da Casa da Moeda – fizeram parte do cenário. Nos protestos políticos, idem. 

Provavelmente Pina não previa que sua série fosse ser mais do que uma trama de ação sobre o roubo perfeito. No entanto, ele soube surfar essa onda e colocou, na segunda temporada, um temperinho mais picante para realçar esse sabor de protesto, posicionando seus ladrões como porta-vozes de uma geração que contesta o sistema capitalista, as grandes corporações e o conservadorismo.

Nesta terceira temporada, então, o que era tempero ganhou mais espaço no prato. O Professor (Álvaro Morte), mentor dos grandes roubos, foi, definitivamente, promovido a Robin Hood. Na tela, cenas reais mostram os mascarados por todo o mundo, inclusive nos protestos no Brasil, no Rio de Janeiro.

Agora, o Professor conta com as pessoas que defendem seus ideais para formular um novo plano e libertar Rio (Miguel Herrán), que é captura do logo no início da temporada. Alçados ao status de celebridades, desta vez, eles vão mostrar seus rostos. 

A primeira cena da temporada é espetacular, espirituosa e essencial para mostrar a polaridade do mundo. Arturito (Enrique Arce), o refém covarde, é também uma celebridade e faz a alegria dos conservadores, em palestras motivacionais, condenando os ladrões e exaltando sua pseudo coragem. Sim, o mundo na tela está dividido entre liberais e conservadores.

Mais uma vez, é Tóquio (Úrsula Corberó) quem faz besteira e coloca todos os colegas em perigo. Cansada de viver a monotonia de sua ilha e seu romance, ela deixa Rio, mas os dois tentam se comunicar via satélite e são localizados. Ela foge, mas ele é preso, torturado e mantido em cárcere ilegalmente. 

Como o Professor não deixa ninguém para trás, reúne a gangue para libertá-lo com um plano impossível, cuja ideia foi de seu irmão Berlim (Pedro Alonso), que aparece em muitos flashbacks. Para realizar o roubo ao Banco Espanhol, onde estão toneladas de barras de ouro, o Professor conta com a ajuda de Palermo (Rodrigo de La Serna), amigo de Berlim.

A fórmula narrativa desta nova temporada é a mesma, com Tóquio contando os acontecimentos. As diferenças são os flashbacks mais frequentes, a ação muito entrecortada com a explicação do plano pelo Professor e Raquel/Lisboa (Itziar Ituño), que está ao lado do mentor. 

Claro, que nem tudo dá certo, segundo o plano do Professor, mas a gente já esperava que fosse assim. A fórmula pode, sim, ser a mesma, mas ainda não deu para enjoar. Que venha a quarta temporada. E logo! 

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