Dicas para dias de quarentena

Uma Chapeuzinho Vermelho empoderada para distrair a garotada

O Trem Companhia de Teatro faz transmissão online de sua versão para o clássico neste domingo, 31, às 16h, no Instagram, Facebook e Youtube

Por Patrícia Cassese
Publicado em 31 de maio de 2020 | 03:00
 
 
 
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Em tempos nos quais empoderamento feminino é palavra de ordem, mais uma personagem clássica do universo infantil mostra que não veio ao mundo a passeio. Longe de manter ares de fragilidade, Chapeuzinho Vermelho é uma garota corajosa, sim, senhor. Não por outro motivo, não se furta a, pela estrada fora, ir bem sozinha. E é justamente esse caráter audaz que a montagem da Cia O Trem Companhia de Teatro (BH - SP) se filia em sua primeria live, que acontece neste domingo, às 16h, dentro do projeto Diversão em Cena Online da ArcelorMittal. A transmissão se dará  pelo perfil do programa no Instagram, Facebook e Youtube.
 
"A nossa Chapeuzinho busca valorizar a potência dessa protagonista feminina", pontua a diretora e dramaturga Livia Gaudêncio. "Então, em vez de ela ser uma garota indefesa que cai nas garras do lobo mau, a gente a enxerga sob outro ângulo: uma menina corajosa, porque saiu sozinha, enfrentou um caminho desconhecido... e se virou muito bem. Não foi atacada pelo lobo mau, não se machucou, não se meteu em outras grandes confusões. E a partir disso, criamos também outros pontos de vista. Colocamos a mãe dela em primeira pessoa, contando a sua versão, bem como o caçador e o próprio lobo também. Na versão da live,a gente vai manter os pontos de vista distintos, que é um diferencial da nossa história", explana ela.
 
Mas alguns pontos foram, claro, adaptados para  a versão online. "No teatro, a gente faz uma brincadeira que é a de todos os atores da peça interpretarem todos os personagens. Eles trocam adereços e figurinos, e, assim, a gente entende que houve uma troca de personagens. Na live, a gente optou por diminuir um pouco essas trocas, até para não ficar confuso", esclarece Lívia.
 
Em contrapartida, o propósito de estabelecer uma interação com o público se manteve. "A versão palco, vamos dizer assim, já propunha muita interação. Tem momentos em que as crianças sugerem animais para que os atores improvisem. E existe muito diálogo durantes os intervalos da cena. Digo intervalos porque, no palco, temos uma trupe que apresenta a história da Chapeuzinho, então, existe uma quarta parede, que é quando os integrantes conversam entre si e abrem o diálogo ao publico". E sim, a live traz novidades. "A gente vai ensinar as crianças a fazer o docinho de leite Ninho - beijinho, como alguns chamam. E eu acho que vai ser bem divertido. É uma receita da minha família, é um doce que não vai ao fogo, então, pode deixar as crianças fazerem sem medo, não tem perigo. Ou melhor, o perigo é sujar a sala toda (risos). Mas eu que tenho filhos já entendi que isso faz parte", diverte-se ela.
 
Quanto à faixa etária, Lívia diz que as crianças menores, "por volta dos seus quatro aos sete anos", vão ter uma camada de entendimento da história. "E à medida que a idade vai aumentando,  vão entendendo outras nuances, outros pontos de vista mais críticos. No teatro, tem algumas piadinhas que são assumidamente para os pais, já que a gente pensa que teatro infantil tem que ser para toda família - porque as crianças, claro, não vão sozinhas ao teatro, e os pais também precisam se divertir. Na live, a gente até manteve essas brincadeiras, mas com menos preocupação com os pais. Porque a ideia é ser de fato para a criançada, pensando inclusive que pode ser um bom momento para os pais irem resolver alguma coisas que precisam fazer em casa, deixando os filhos tranquilamente assistindo à peça. Mesmo porque, não há nada que precise de uma supervisão, a gente pensou nisso também".
 
Como em várias outras companhias, a pandemia pegou os integrantes da O Trem de surpresa. "A gente estava com algumas apresentações agendadas, em São Paulo, interior de Minas... Tudo foi imediatamente cancelado. A gente não sabe se vão reagendar ou se vai ser tudo suspenso mesmo. Assim, estamos aproveitando (a quarentena) para fazer os editais que já estão acontecendo, tanto os que preevem uma normalização a partir do ano que vem quanto os que já estão se reformulando para esse formato virtual, e aí, quem sabe, a gente possa conseguir trabalhar esse ano ainda".
 
A reformulação para as plataformas virtuais, diz Lívia, exigem do grupo todo um processo de adaptação. "Como ainda nao havíamos trabalhado com esse formato, está sendo tudo muito novo. Inclusive porque as nossas montagens são bastante físicas, dependem muito do corpo, da relação entre o elenco. Então, tem toda essa mudança de linguagem, e  também o desafio de os atores estarem em lugares separados. Mas está sendo um grande aprendizado", avalia. 

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