Verão

Veja as principais tendências da São Paulo Fashion Week

Com olhar de uma jornalista estreante na passarela, tendências como vermelho, crochê e alfaiataria despretensiosa deram o tom do evento de moda

Por Lorena K. Martins
Publicado em 13 de junho de 2022 | 03:00
 
 
 
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Há nada menos que dez anos, a cobertura do São Paulo Fashion Week (SPFW),  o maior evento de moda da América Latina, passou a fazer parte da minha agenda enquanto jornalista incumbida de fazer a cobertura deste setor para O Tempo.  Tomando emprestado um jargão jornalístico, comecei "foca", ou, melhor dizendo, crua - mas já de cara profundamente interessada em mergulhar naquele universo.  

De edição em edição, acabei integrando o cobiçado (no ótimo sentido)  time convocado para ocupar as cadeiras da disputada fila A - a fileira de assentos mais próxima à passarela e que sempre foi um espaço destinado a celebridades, jornalistas consagrados, blogueiras…  A conquista da deferência para contemplar o desfile desse lugar privilegiado, creditaria ao empenho que dediquei ao evento, refletido em muitas matérias publicadas e crachá reconhecido, e, claro, à paixão pelo universo da moda. 

Fato é que ver as criações de grandes estilistas passarem bem perto de meus olhos e cruzar a passarela para tentar captar alguma fofoca das celebridades convidadas sem dúvida fez com que as coberturas atingissem outro patamar. Esse ano, em que a vida resolveu dar certa trégua nas batalhas, fui mais uma vez conferir o evento, nesta retomada também presencial, mas não só como jornalista: desta vez, também na passarela, integrando o casting do desfile da marca LED.

Nesta edição, que aconteceu entre os dias 31 de maio e 4 de junho, o evento optou pelo formato híbrido, com 19 apresentações digitais e  22 desfiles presenciais divididos em dois endereços em São Paulo: Senac Lapa Faustolo e no Komplexo Tempo - e foi neste último que, veja só, fiz a minha estreia como modelo. Desfilar pela LED é feito que tem seus significados. A trama manual como valorização do trabalho artesanal mineiro sempre esteve no DNA da marca, também uma das pioneiras da nova safra fashion a dar passos largos em direção a um cast volado à diversidade de corpos na passarela, provando que o movimento body positive é - viva - irreversível e, por isso, manequim 36, aqui, é a minoria.

Além disso, Célio Dias, estilista da marca, é um profissional que age norteado pela verdade: não é exagero dizer que ele não consegue criar uma peça sequer que não tenha embutida pitadas de história e sentimento, além da tendência. Dessa vez, ele resolveu contar, por meio de suas roupas, a história de uma decepção amorosa: um casamento que chegou ao fim após a descoberta de um diário com registros de mais de 40 traições. A coleção foi sugestivamente batizada de “Sinto Tanto”. 

Para “sentir”, Célio trouxe amigos que o ajudaram a reconstruir o seu coração quando descobriu que muita coisa que estava vivendo não era tão verdadeira como pensava - aqui, um desabafo: situação coincidentemente vivenciada por mim recentemente. Bom mesmo é viver e sentir tudo de forma honesta, com você mesmo e com os outros. Todos os participantes (amigos, celebridades, modelos profissionais) foram convocados para chegar quatro horas antes para, em fila, serem devidamente maquiados e penteados. No mesmo local, estavam as celebridades convidadas (outras, que pediram para estar ali) e casting recheado de ex-BBBs que celebravam também a  estreia em um desfile de moda. O ensaio para reconhecer o território na passarela, feito antes da troca de roupa, parecia anteceder um desastre na coordenação. Mas, acredite, tudo saiu exatamente do jeito que tinha que ser - e ninguém fez feio, mesmo se a missão de  encarar a imensidão de flashs não permitia conferir se o close ficaria bom. Foi encarar e seguir.

Pisar na passarela com um calçado 37 (eu calço 40) poderia ser desconfortável, mas não foi, porque, independentemente do que seja, fazer algo que a gente nunca fez na vida é gostoso demais. Nos bastidores, assim como em uma festa, você faz amigos e tem o olhar carinhoso de quem trabalha. Maquiando, já detectei que, para a próxima estação, a beleza segue privilegiando o ar natural, com blush e boca rosados simulando um dia de sol. Sim, mesmo nos bastidores e integrando o casting, o olhar de repórter não falha! A seguir, as tendências que se consolidaram na passarela para o próximo verão.

Plissado. O efeito sanfona dos plissados, uma das técnicas mais vistas nos desfiles, é aplicado em túnicas e em saias mais fluidas, conferindo um toque elegante à peça como trouxe as marcas Neriage e Modem, que fez a técnica no tricô. 

Vermelho. Depois de meses de pandemia usando roupas confortáveis de cores neutras, o verão é resumido em uma cor: vermelho, contrariando a aposta da Pantone, autoridade no que diz respeito à cor, que apostou no Very Peri, uma nova tonalidade azul floral que não pegou. 

Crochê. Uma das técnicas mais ancestrais brasileiras do trabalho manual – o crochê – ressurgiu na moda impulsionado também pela quarentena que valorizou ainda mais a arte de fazer artesanal. Marcas como a mineira LED, Ateliê Mão de Mãe e Santa Resistência usaram, nessa edição do SPFW, da mesma técnica de crochetaria para fazer shorts, hot pants, tops e camisas para combinar com peças leves e fluidas. 

Alfaiataria. Com toque contemporâneo, peças como calças e blazers são renovados na alfaiataria, assim como camisas oversized que estiveram em desfiles como Dendezeiro, Anacê, Neriage e Isaac Silva. 

Assista ao desfile:

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