Os apagões na cidade de São Paulo, provocados pelas fortes chuvas ocorridas na última sexta-feira (11), têm aumentado a procura por geradores de energia. Apesar de não fornecer dados consolidados, Mauricio Niel, presidente da Câmara Setorial de Motores e Grupos Geradores (CSMGG), diz que tem sido “nítido” o crescimento da demanda. “Principalmente no formato de locação. Os empresários alugam por um ou dois dias até resolver o problema”, explica.
Vale lembrar que a adoção de geradores de energia não é obrigatória no país, exceto para hospitais, conforme normas do Ministério da Saúde.
De acordo com dados divulgados na quarta-feira (16) pela Enel, quase 91 mil pessoas continuavam sem luz após o quinto dia de apagão. Dias atrás, esse número era ainda maior. Após o temporal, 2,1 milhões de pessoas chegaram a ficar sem luz e, segundo a empresa, 1,6 milhão de clientes seguiram sem energia cerca de 14 horas após o temporal.
Niel destaca que a demanda vem principalmente do segmento de bares e restaurantes - que trabalham com muitos produtos perecíveis. “É claro que alugar um gerador impacta no custo da operação, pois também é preciso pagar pelo combustível. Mas, ainda é menos pior do que fechar. Pelo menos é uma forma de continuar gerando receita e não perder a mercadoria”, analisa.
Levantamento feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) aponta que a falta de eletricidade tem gerado prejuízos graves aos setores do varejo e de serviços - com perdas estimadas em R$ 1,65 bilhão.
Além do comércio, também há procura de edifícios residenciais, principalmente para manter elevadores funcionando. Para Niel, atualmente a procura tem superado a oferta e a indústria precisa se preparar melhor para atender melhor às demandas de mercado.
“Com a crise climática, acredito que episódios como esse serão cada vez mais frequentes. O problema é que a indústria de motores não produz apenas para geradores, então a produção acaba não dando conta da demanda. Esse ponto precisa ser repensado para o futuro”, aponta.
Poder público também vai usar
Em entrevista coletiva realizada na quarta (16), o prefeito Ricardo Nunes (MDB) disse que reservou 100 geradores para os semáforos da cidade. A medida faz parte do plano de contingência para a sexta (18), quando está prevista mais uma tempestade com ventania na cidade.
O plano foi traçado mesmo sem a certeza de qual será o impacto da chuva. "Ainda não temos confirmação do Centro de Gerenciamento de Emergências de que terá a quantidade de ventos e chuvas como de sexta", afirmou Nunes.
Perguntado sobre o motivo das precauções não terem sido planejadas antes de sexta passada, mesmo com previsões metereológicas, Nunes disse que não tinha bola de cristal. "Eu não podia prever que a Enel iria demorar cinco dias para restabelecer um semáforo, né?", declarou.
(Com informações de Diego Alejandro, da Folhapress)