O sonho da casa própria deve movimentar, até o final deste ano, R$ 8,8 bilhões em Minas Gerais. A aquisição de imóveis no estado cresceu sob forte participação da classe C. Enquanto a expansão total foi de 6% no território mineiro, nas faixas de pessoas que recebem salários menores o salto foi de 15,4% na compra de casas e apartamentos. Já na compra de materiais de construção, o índice apurado em todo o estado ficou em 8,4%, ante aos 16,5% observados na fatia mais pobre da sociedade. 

Os dados integram um levantamento do IPC Maps, divulgado nesta quinta-feira (21). Ao todo, em Minas, a soma de negociações no mercado imobiliário e a comercialização de itens construtivos deve render ao estado R$ 36,9 bilhões. A aquisição de imóveis deve contabilizar R$ 8,8 bilhões, sendo R$ 5,8 bilhões movimentados somente pelas classes B e C, conforme o levantamento.

Na chamada classe A, em que estão concentradas as pessoas com maior poder aquisitivo, as transações imobiliárias devem chegar a R$ 2,9 bilhões, pouco menos que a metade observada nas faixas inferiores. “Para a maior parte da população, a residência é um sonho. E sempre que temos momentos de melhoria de renda e emprego, como agora, essa população se sente segura em realizar esse sonho. E aí ela vai dar uma pequena entrada, vai pagar aquele valor pequeno durante o período de construção e, de repente, vai assumir um financiamento para a vida inteira, mas vai fugir do aluguel”, atestou Marcos Pazzini, sócio da IPC Marketing Editora e responsável pelo estudo.

De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a força de trabalho atingiu 109,4 milhões de pessoas, e a população ocupada chegou a 101,8 milhões ao final do segundo trimestre deste ano. Os resultados são os melhores desde 2012. No período, a  renda média também cresceu em comparação ao mesmo período do ano anterior, com um aumento real de 5,8%, encerrando o trimestre em R$ 3.214.

A massa salarial real registrou um crescimento expressivo de 9,2% em termos interanuais, atingindo R$ 322,6 bilhões, um acréscimo de R$ 27 bilhões em relação ao primeiro trimestre de 2023. Segundo Marcos Pazzini, a melhora nos indicadores não deve ser freada nem mesmo pela elevação recente da Selic, a taxa básica de juros, pelo Banco Central, para 11,25%. Há, inclusive, previsão de manutenção do índice em patamar mais elevado nos próximos meses. 

“A alta dos juros sempre impacta o mercado, mas é uma alta que, neste momento, está implementada muito mais para segurar a disparada da inflação do que para segurar a demanda. Essa população, se tiver condição financeira, de melhoria do rendimento domiciliar que permita a condição de pagar por um imóvel próprio, vai fazer essa escolha”, complementou Pazzini. 

O cenário observado no estado se mantém em Belo Horizonte, de acordo com o levantamento. Na capital mineira, as categorias da população com remunerações mais baixas também observaram crescimento acima da média geral na compra de novos imóveis. Na classe C, por exemplo, o salto foi de 18,7% na arrecadação, ante aos 6% observados em toda a cidade. Já para as faixas D e E, o avanço observado foi de 9,5%.

Brasil 

Em todo o país, os setores imobiliário e de construção civil devem movimentar, juntos, cerca de R$ 370,6 bilhões até o final deste ano no Brasil, segundo o IPC Maps. A alta é puxada principalmente pela compra de imóveis, já que, de 2023 para 2024, estima-se um incremento de 10,3%, totalizando R$ 114,6 bilhões. Já, a categoria de materiais de construção deve movimentar cerca de R$ 256 bilhões, o que representa um acréscimo de 8,3% em relação ao ano passado. 

Nos cálculos acima, são levadas em conta as despesas realizadas somente por pessoas físicas, com aquisição de imóveis, materiais e mão-de-obra para reforma. O estado de São Paulo responderá por quase R$ 105,2 bilhões dos gastos, liderando a lista. Também em alta, está a quantidade de indústrias e comércios varejistas no segmento. Segundo o IPC Maps, de 2023 para cá, 168.760 novas unidades foram abertas, uma expansão de 8,3%, totalizando atualmente 2,2 milhões de estabelecimentos existentes no Brasil.