CALORÃO

Sem frio, lojas de vestuário de BH encaram queda nas vendas em maio

Presidente do Sindilojas estima redução de até 8% no consumo em comparação com o ano passado

Por Rodrigo Oliveira
Publicado em 24 de maio de 2024 | 10:30 - Atualizado em 24 de maio de 2024 | 10:50
 
 
 

Uma gigante do varejo brasileiro costumava vincular um comercial na década de 60 em que uma voz feminina perguntava “quem bate?”, e um simpático personagem do lado de fora respondia: “é o frio”. A intenção era comunicar que estava aberta a temporada de venda dos itens de inverno. Mas o tempo passou e o clima não é mais o mesmo. Enquanto o frio não chega, as vendas no setor de vestuário em Belo Horizonte ficam aquém das expectativas e  os estoques permanecem nas lojas esperando a entrada dos clientes. 

De acordo com pesquisa da Fecomércio MG divulgada nesta quinta-feira (23), que ouviu 407 empresas do segmento de vestuário do comércio varejista entre os dias 8 e 20 de maio, 39% dos empresários esperam um resultado melhor de vendas em relação ao inverno do ano passado. Por outro lado, 32,4% acreditam que a situação vai piorar em relação a 2023 - entre eles, 59,6% disseram que a falta do frio é o principal motivo para a queda nas vendas. 

Os números mostram, de forma geral, que houve uma redução sobre o otimismo do setor.  Os empresários que acreditam que as vendas serão melhores ou iguais ao ano passado somam 60,4%, proporção menos expressiva comparada a 2023, quando 74,6% dos varejistas tinham essa percepção. 

Salvador Ohana, fundador da marca de roupas masculinas Klus e presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belo Horizonte (Sindilojas/BH), afirma que as expectativas para este mês não são positivas. Apesar de não haver pesquisas oficiais da instituição, ele aponta que espera quedas de 5% a 8% nas vendas do setor de vestuário em relação a 2023. 

“Nosso segmento é altamente impactado pelo clima. Ano passado, neste mesmo período, já estava fazendo frio e os empresários já tinham começado a vender mais. Apesar das vitrines montadas, os produtos ainda não estão saindo das lojas. Nossa esperança é que o frio chegue de fato a partir do final do mês”, diz. 

Enquanto o frio não chega, o jeito é tentar levar o cliente para dentro da loja de outras formas. Ana Paula Bastos, economista da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), orienta que os empresários criem estratégias enquanto o frio não “bate à porta”. 

“Recomendamos divulgar os produtos em redes sociais, realizar ofertas e promoções e flexibilizar as formas de pagamento - desde que isso não prejudique o negócio. Outra dica é não fazer grandes volumes de encomendas. Caso o empresário tenha boa relação com seu fornecedor, é possível fazer uma compra menor e, caso os produtos tenham saída, ele faz outra encomenda para repor os estoques”, orienta. 

Para Gilson Machado, economista da Fecomércio MG, o período de inverno ainda é uma excelente oportunidade para o aumento das vendas entre os meses de junho e setembro. “Mesmo que o inverno não seja de temperaturas mais baixas como já foi no passado, o período ainda tem a incidência de sensação térmica mais baixa, costumes estabelecidos e a estação tem o seu charme, o que contribui com as vendas”, acredita. 

A pesquisa da Fecomércio MG mostra que, por enquanto, a maioria dos empresários ainda não pretende baixar os preços para turbinar as vendas. O levantamento mostrou que 29,8%  não irão realizar liquidações, frente aos 20% que pretendem adotar a estratégia. A pesquisa aponta ainda que 17,3% pretendem realizar a liquidação no final de julho e 15,8% só pretendem fazer isso no final de agosto.

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