Responsável por comprometer boa parte da renda dos trabalhadores, o valor do aluguel pode pesar ainda mais conforme a localização do imóvel. De acordo com levantamento realizado pela plataforma QuintoAndar, as regiões Centro-Sul (R$ 2.514), Oeste (R$ 2.195) e Nordeste (R$ 1.847) concentram os valores médios mais caros de Belo Horizonte. Em Venda Nova (R$ 1.089) e na região Norte (R$ 1.392) estão os valores médios mais acessíveis. A diferença entre o valor médio mais alto e o valor médio mais barato é de 131%.
Ou seja, alugar um apartamento na região Centro-Sul pode custar mais do que o dobro de uma locação na região de Venda Nova. “Belo Horizonte é extremamente monocêntrica, ou seja, as oportunidades de lazer, saúde, educação e transporte estão localizadas na região Centro-Sul, em sua grande maioria. Isso, evidentemente, acaba valorizando essas regiões e explicam esse grande contraste. Quanto mais fácil acessar esses recursos, maior o preço dos aluguéis”, explica Pedro Capetti, especialista de dados do Grupo QuintoAndar.
A pesquisa levou em conta contratos de aluguel assinados pela plataforma, ativos ou finalizados, no período de julho de 2020 a março de 2024, e considerou apenas apartamentos, studios e kitnets.
Após morar boa parte da vida com a mãe, em uma casa própria no bairro Vila Clóris, região de Venda Nova, a médica Melina Araújo alugou sozinha um apartamento na região Centro-Sul ao ser aprovada em uma residência médica no Hospital das Clínicas de BH. “Decidi morar perto do trabalho por uma questão de tempo. A gente acaba passando horas dentro do ônibus e poderia aproveitar esse tempo para fazer outras atividades”, diz.
A praticidade de morar perto do trabalho, no entanto, tem impactado no bolso de Melina. “Pago em torno de R$ 2.200 de aluguel, condomínio e IPTU. Boa parte da renda vai para essas contas e tive que me adaptar. Tento cortar gastos mais superficiais e fazer trabalhos extras para complementar a renda. Até porque, não é só o preço do aluguel, até os supermercados do entorno são mais caros”, salienta.
Melina também afirma que a busca pelo novo lar “foi bastante traumática” devido à alta procura por apartamentos na região, seja por médicos residentes ou estudantes vindos de outros estados. “Como a demanda é grande, os preços também são altos. Passei mais de um mês procurando e os valores iam de R$ 3.500 a R$ 5.000, incluindo aluguel, condomínio e IPTU. São valores altos, pois são apartamentos pequenos, de um quarto apenas”, diz.
Jovens são maioria em regiões mais baratas
De acordo com a plataforma, não há grandes diferenças no número de moradores por residência entre as regiões analisadas. Porém, os valores impactam na faixa etária dos ocupantes dos imóveis.
Os moradores das regiões Venda Nova e Norte são três anos mais jovens, em média, do que os residentes das regiões Centro-Sul e Oeste. Enquanto a idade média dos moradores de Venda Nova e Norte é de 33,5 anos, na região Oeste é de 37,7 anos e na Centro-Sul é de 36,3 anos.
Outro dado relevante é sobre o estado civil dos moradores: cerca de 67% dos moradores da região Norte se declaram solteiros, em comparação com 61% na região Centro-Sul. Por outro lado, 25% dos moradores da região Centro-Sul são casados, enquanto esse percentual é de 21% na região Norte.
“O aluguel é um dos principais gastos da família no orçamento mensal e as pessoas acabam buscando locais que possam pagar. Os jovens, normalmente, têm uma renda mais baixa por estarem em seu primeiro ou segundo emprego. Os solteiros, por serem os únicos responsáveis pela renda, também buscam regiões mais baratas. Isso explica a concentração desses perfis nas regiões Norte e Venda Nova”, aponta Pedro Capetti.
Ainda de acordo com o levantamento, as regiões mais caras também concentram os imóveis mais espaçosos. A média na região Centro-Sul é de 90m², semelhante às áreas das regiões Oeste (86 m²) e Nordeste (80 m²). Por outro lado, as regiões Norte (60m²) e Venda Nova (58m²) têm os menores imóveis.
“O tamanho dos imóveis é apenas um dos aspectos que impactam no preço de um imóvel. Por mais que a gente leve em consideração o preço do metro quadrado, fatores como localização e facilidade de acesso também explicam a diferença dos aluguéis entre as regiões”, explica o especialista.