O real brasileiro começou a circular em julho de 1994. A nova moeda brasileira, que substituiu o cruzeiro real, fazia parte da reforma monetária instituída pelo Plano Real. O designer das novas cédulas contava com a ilustração de um animal da fauna brasileira no verso. Os bichos representados nas notas de 1, 5, 10, 50 e 100 reais foram selecionados pelo Banco Central. Já a tartaruga-de-pente (2 reais) e o mico-leão-dourado (20 reais), por outro lado, foram escolhidos pelos brasileiros em uma consulta pública, e as notas foram lançadas apenas em 2001. No entanto, 30 anos depois da implementação do Plano Real, a qual 40% dos brasileiros atualmente vivos não presenciaram, muitas pessoas não conhecem os animais presentes nas notas. Conheça: 

Nota de R$ 1 – beija-flor-de-peito-azul

Esta ave é encontrada principalmente na região Sudeste, mas também pode ser vista na Bahia e em Goiás. Como todos os beija-flores, é uma ave pequena, com costas verde-brilhantes, garganta e peito azul-violeta, e uma faixa branca que vai do peito até a barriga. São extremamente territoriais e grandes polinizadores, especialmente de bromélias. A nota de 1 real foi retirada de circulação em 2005, mas vale a menção honrosa a este animal que esteve presente em nosso dinheiro desde a nota de 100.000 cruzeiros.

Nota de R$ 2 – tartaruga-de-pente

Esta espécie de réptil, pertencente ao grupo dos quelônios, está criticamente ameaçada de extinção. Encontra-se principalmente em mares tropicais nos oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. No Brasil, é mais comum na região Nordeste, em águas rasas. Sua cabeça em forma de V e seu bico córneo e rígido são típicos dos quelônios. A carapaça, que pode atingir até 1 metro de comprimento, é serrilhada nas laterais e possui escudos grossos e escuros. Seus membros apresentam escamas escuras e robustas. Estima-se que, de cada mil filhotes que nascem, apenas um sobrevive, indicando um ciclo de vida longo. Muitos predadores naturais atacam os filhotes, além da intervenção humana nos locais de desova nas praias, como poluição e caça ilegal.

Nota de R$ 5 – garça-branca-grande

A garça-branca-grande pode ser encontrada em todo o território nacional. Suas penas são completamente brancas, e seu bico e íris são amarelos. Ela possui pescoço e pernas longos, e no período reprodutivo desenvolve penas especiais chamadas de egretas. Como predadora, alimenta-se de pequenos peixes, serpentes, preás e pode até atacar ninhos de outras aves. É uma espécie migratória, podendo se deslocar tanto em pequenas quanto em grandes distâncias. Por exemplo, indivíduos do Pantanal migram até a Cordilheira dos Andes durante a época de cheias dos rios.

Nota de R$ 10 – arara-vermelha-grande

Esta ave pode ser encontrada nas regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Mede cerca de 90 cm, incluindo a cauda, e seu corpo é majoritariamente coberto por penas vermelhas, o que lhe dá o nome. No entanto, a ponta da cauda é azul e as asas têm camadas de vermelho, verde e azul. Como a maioria das aves, são monogâmicas e preferem as copas das árvores. Esta espécie é muito visada pelo tráfico ilegal de vida silvestre e, embora não esteja mais ameaçada de extinção, acredita-se que não existam mais populações no Espírito Santo e no Paraná devido à ação humana.

Nota de R$ 20 – mico-leão-dourado 

Este primata mamífero chama atenção pela cor avermelhada-dourada de seus pelos, além de possuir uma cauda longa e garras que lhe permitem se agarrar aos troncos das árvores. Encontrado na Mata Atlântica, ele se alimenta de frutos silvestres, insetos e ovos de aves. O mico-leão-dourado foi considerado praticamente extinto durante a década de 60, o que levou à criação da Reserva Biológica de Poço das Antas (RJ) em 1974 para preservar seu habitat natural. Desde então, sua população, que variava de 60 a 400 indivíduos, agora supera 2500. O mico-leão-dourado se tornou o maior símbolo de preservação da fauna no Brasil.

Nota de R$ 50 – onça-pintada 

Este é o maior mamífero felino do continente americano, encontrado na Amazônia, Pantanal, Cerrado e Mata Atlântica. Possui um corpo muito robusto e uma pelagem amarelo-dourada com pintas pretas características. Sua mordida é a mais forte entre todos os felinos do mundo, e sua dieta inclui rãs, capivaras, antas, tatus, veados e até mesmo jacarés. São animais solitários, com machos e fêmeas se encontrando apenas no período reprodutivo. Quase ameaçada de extinção, esta espécie sofre com o desmatamento e a caça ilegal nos locais onde vive. Em abril de 2019, um macho de onça-pintada foi avistado no Jardim Botânico da UFJF, levando ao fechamento do local por um longo período para que o animal fosse capturado em segurança e translocado para um local mais seguro, onde pudesse se reproduzir e caçar. Não havia registro oficial desse animal na Zona da Mata mineira por pelo menos 80 anos, gerando questionamentos sobre seu aparecimento repentino. Contudo, esta “visita” pode ser considerada um ótimo indicador da recuperação da área de proteção ambiental adjacente ao Jardim Botânico (APA Mata do Krambeck)

Nota de R$ 100 – garoupa 

Este peixe é encontrado em todo o litoral brasileiro, habitando águas profundas. Possui lábios proeminentes e nadadeira caudal convexa, com a cor variando de verde azulado enquanto juvenil a marrom-escuro com pontos amarelos na fase adulta. Sua dieta é composta principalmente por crustáceos, moluscos e pequenos peixes. São solitários e esquivos, vivendo principalmente em fundos rochosos. São hermafroditas sequenciais, mudando de sexo ao longo da vida: atingem a maturidade sexual aos 5 anos como fêmeas e tornam-se machos aos 10 anos. Podem viver até 50 anos. A garoupa é muito apreciada na culinária brasileira e oferece vários benefícios à saúde, como a formação de glóbulos vermelhos e o bom funcionamento do sistema neurológico. No entanto, a caça intensa e indiscriminada pode prejudicar a espécie. 

Nota de R$ 200 – lobo-guará

A cédula mais recente do Real tem o lobo-guará estampado em seu verso. Este é o maior canídeo da América Latina e é encontrado principalmente no Cerrado. Sua coloração é vermelho-dourada, com orelhas grandes e eretas, focinho grande e membros longos de cor escura. A dieta do lobo-guará inclui pequenos mamíferos, aves, insetos e frutas, especialmente a "fruta-do-lobo" (Solanum lycocarpum) (veja nosso post no Instagram aqui). São territorialistas e raramente andam em grupo, exceto durante o período reprodutivo. O lobo-guará está vulnerável à extinção, devido ao desmatamento, caça ilegal e atropelamentos, que causam a diminuição do número de indivíduos na natureza.