O choro é quase instantâneo ao cortar a cebola no preparo de uma refeição. Mas outro fator relacionado à hortaliça tem causado desconforto nos consumidores: o preço que já chega aos R$ 13 kg em Belo Horizonte e região metropolitana. O acompanhamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), feito pelo IBGE, calcula que entre maio de 2023 e maio deste ano o valor para compra da cebola subiu quase 87% no Brasil.
O produto, inclusive, foi o que mais encareceu neste período. Se analisado só o aumento nos primeiros cinco meses deste ano, a alta observada foi de 44,70%. Dados do site de pesquisas Mercado Mineiro indicam que, em junho, o quilo da cebola era comercializado em sacolões de Belo Horizonte e região metropolitana por até R$ 12,99.
Mas o que explica uma expansão tão grande no preço? A analista de agronegócio do Sistema Faemg Senar Mariana Marotta ressaltou que o cenário é causado por uma queda na produção no país, em função de instabilidades climáticas sobretudo na região Sul do país.
O problema fez com houvesse uma descentralização do abastecimento. “Nos últimos meses, foi observado um declínio, uma menor quantidade do produto ofertado, o que pode acarretar um aumento dos preços, quando a gente pensa na lei de oferta e demanda. Os envios que na sua grande maioria vinham de Santa Catarina foram menores e houve uma distribuição de outras regiões. Em maio, por exemplo, a oferta mineira e a oferta nordestina passaram a comandar também o abastecimento desse mercado. A gente pode verificar que a origem da cebola são de diferentes municípios”, disse Mariana Marotta.
Outro aspecto que interfere na precificação é um um volume grande que chega às centrais de abastecimento pela cidade de Porto Xavier, no Rio Grande do Sul. “Na sua totalidade são de cebolas importadas, o que acaba agregando uma quantidade de que chegou a quase 40% do total comercializado nas Ceasas”, complementou.
Pesquisar pode ajudar
Economista e administrador do Mercado Mineiro, Feliciano Abreu reforçou o impacto das chuvas na região Sul sobre a produção e preço da hortaliça. “A gente tem que lembrar que no Sul do país é onde nós temos a maior produção no Brasil, tanto Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Isso ocorre de tempos em tempos e o consumidor tem que ficar atento”, aconselhou.
Conforme o economista, para o momento o indicado é tentar substituir a cebola, ou reduzir a quantidade comprada até que os preços sejam estabilizados. “Sabemos que com o passar do tempo os preços podem voltar ao normal. Hoje as diferenças (entre os estabelecimentos) são muito grandes e também há diferenças de qualidade. O consumidor tem que ter uma certa sabedoria nesses momentos, claro que sempre pesquisando e deixando, em alguns momentos, os produtos que estão na entressafra até voltar a um preço normal”, arrematou Feliciano.