Uma pesquisa realizada pelo site Mercado Mineiro indicou um aumento expressivo nos preços dos cortes de cabelo masculino e feminino no último ano. Em julho de 2023, mulheres que procuravam salões em Belo Horizonte pagavam, em média, R$ 91,07. O estudo feito no último mês mostrou que esse valor subiu para R$ 100,71, um aumento de 10,59%.

O mesmo acontece com homens que querem utilizar os serviços das barbearias da capital. O corte de cabelo masuclino subiu de R$ 51,74 para R$ 62,10, um aumento de quase 20%. O maior aumento foi para quem quiser apenas fazer a barba. Em julho do ano passado, o serviço custava em média R$ 33,27. Esse valor subiu 36%, para R$ 45,33. O levantamento foi realizado em 36 estabelecimentos da capital entre os dias 3 e 5 de julho.

Feliciano Abreu, coordenador do Mercado Mineiro, conta que além dos gastos com os produtos, o fato de que muitas vezes os donos não separarem o negócio da pessoa física atrapalha no controle das finanças dos empreendimentos. “Você tem vários fatores que influenciam os preços. O primeiro são os produtos, que normalmente são importados e ficaram mais caros. O próprio custo de um salão, como água e aluguel, que tiveram aumentos recentes e encarece muito. Um detalhe muito importante é que muitos dos salões são praticamente pequenas empresas informais. Aí fica aquela confusão entre a pessoa física e jurídica, fazendo com que os outros aumentos em supermercados, gasolina, interferem no preço do salão. Ele tem que tirar suas despesas do caixa do empreendimento”, explicou.

Os donos dos salões também vêm sofrendo com os aumentos. É o caso de Diogo Oliveira, dono do SUAV, que fica no bairro Buritis, na região Oeste de BH. Aberto há mais de dez anos, Diogo conta que precisou aumentar os valores dos serviços no estabelecimento devido a um crescimento nos gastos. “Tivemos um aumento para tentar diminuir as perdas relativas ao aumento dos custos fixos e variáveis com a inflação. A ideia foi minimizar as perdas, porque não conseguimos dar o aumento necessário para cobrir a inflação”, explicou.

Para terminar de cobrir todos os custos, Diego vai aumentar ainda mais os preços dos seus serviços até dezembro deste ano. “Teremos um reajuste até o fim do ano. Vamos entender como estarão os custos, já que vem o dissídio do sindicato em relação aos trabalhadores CLT. Quero pelo menos manter a condição atual”, explicou o proprietário.

Não foram só os cortes de cabelos que tiveram aumento. O preço médio da grande maioria dos outros serviços oferecidos em salões de beleza ficou mais caro. Os dados da pesquisa do Mercado Mineiro mostram que os serviços de manicure e pedicure subiram 18,03%. A escova de cabelo feminina subiu 28,22% e a hidratação capilar quase 14%

Dona de um salão especializado em tranças femininas, Danielle Elide do Carmo também teve que aumentar o preço de seus serviços. Ela saiu do bairro Céu Azul para o Itapuã, ambos na região da Pampulha, e, para cobrir os novos gastos, precisou compensar no valor pago pelos seus clientes. “No último ano tive aumentos devido às reformas, aquisição de novos equipamentos, novos profissionais. Tudo isso gerou mais custos e o espaço físico também ficou mais caro”, explica.

Também em seu salão, Danielle vende produtos para o “homecare” de suas clientes. Ela conta que até esses produtos sofreram alteração nos valores. “Todo ano temos aumento nos produtos. No meu espaço, consegui manter alguns preços de alguns para não subir muito. Mas sempre que aumentamos o valor do serviço ou do produto, percebemos o impacto do início da queda de aquisição ou dos clientes”, conta.

Para José Laerce, presidente do SindBeleza, sindicato que reúne os empreendedores do setor, a alta nos preços dos insumos é um dos principais fatores que levaram a esse aumento. “O motivo é sempre a alta nos preços. Temos alta também nos insumos, produtos, embalagens, mão de obra. É uma cadeia que, infelizmente, nos faz ter esses aumentos. Com certeza precisamos repassar e quem acaba pagando o pato é o consumidor. Gostaríamos muito que não houvesse esses aumentos mas infelizmente não tem como”, explica. 

Ainda segundo o presidente, apesar do aumento dos preços, a expectativa do setor para os próximos anos é positiva. “Os últimos anos tudo aumentou muito e o salário dos trabalhadores precisam ser reajustados. Não conseguimos absorver tudo e tem que ser repassado. Temos uma expectativa muito boa de crescimento. Até 2027, teremos um crescimento de 6% ao ano, atualmente movimentamos R$ 27 bilhões anuais (no Brasil)”, disse.

O que indica a pesquisa?

Outros números da pesquisa mostram como os serviços de salão de beleza estão caros na capital mineira. O valor de uma sessão de manicure pode ficar entre R$ 70 e R$ 120. Já a pedicure pode ter uma variação de 150%, entre R$ 60 e R$ 150.

Nas barbearias procuradas, o corte masculino varia entre R$ 30 e R$ 200, quase 570%. Já a barba fica entre R$ 30 e R$ 80, cerca de 167% de variação.