O agronegócio brasileiro, motor da economia nacional, projeta crescimento para 2025, mas enfrenta desafios ligados aos cenários político, fiscal e climático, tanto no Brasil quanto no exterior. A avaliação é de José Benevides Romano, especialista em agronegócio e sócio da Araújo Fontes, que apontou três preocupações centrais para o setor: política interna, política externa e fatores climáticos.
Em entrevista à FM O Tempo, Romano destacou que a inflação, a taxa básica de juros (Selic) e a posse de Donald Trump nos Estados Unidos, são fatores que podem impactar negativamente o desempenho do agronegócio.
"Não dá para cravar muita coisa. Tudo depende de como o governo brasileiro vai lidar com questões internas e de como o novo governo de Trump se comportará nos EUA. Ainda assim, considerando o avanço técnico dos nossos produtores e a conquista de novos mercados, há razões para mantermos expectativas positivas para 2025, mesmo diante das adversidades", afirmou o especialista.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) corrobora o otimismo, apontando que o setor vem se consolidando como um dos mais resilientes da economia brasileira. No entanto, Romano alertou que o desempenho dependerá de como o governo Lula (PT) conduzirá as políticas voltadas para o setor. "Se o governo não atrapalhar, o agronegócio tem tudo para crescer ainda mais", concluiu.
Mesmo com dificuldades, 2024 foi de conquistas para o agro
Romano também fez um rápido balanço do agronegócio brasileiro no ano passado, apontando a resiliência do produtor como a grande virtude do setor. Como exemplo, o especialista citou a crise vivida pelos produtores de leite do Brasil, sobretudo os de Minas Gerais, que enfrentaram dificuldades devido à importação de leite em pó, o que ocasionou uma queda nos preços do produto.
"A crise do leite brasileiro é resultado da falta de ação imediata do governo, que deveria ter se antecipado. Então, o que o agronegócio espera é, mais uma vez, que o governo não atrapalhe. Se não atrapalhar já está ótimo", comentou.
Cafezinho no gosto dos gringos
Outro setor do agronegócio brasileiro que, ano após ano, continua batendo recordes de exportação é o café. Minas Gerais se destaca como um dos maiores produtores e exportadores do país. Romano acredita que o mercado chinês pode ser conquistado, representando um crescimento exponencial da produção e das exportações.
"Hoje, os cafés especiais estão cada vez mais no gosto dos consumidores internacionais. O acordo entre União Europeia e Mercosul vai impulsionar ainda mais esse mercado. Temos bons produtos, temos competitividade. E você já pensou se o chinês, por exemplo, troca o tradicional chá pelo nosso cafezinho? Essa é uma tendência que vai acontecer, com certeza", projetou José Benevides Romano.
Com avanços técnicos, expansão de mercados e resiliência comprovada, o agronegócio brasileiro segue como protagonista da economia nacional. O futuro do setor, no entanto, dependerá do equilíbrio entre as políticas públicas, a abertura de novos mercados e a superação dos desafios climáticos e fiscais.