As maiores empresas da siderurgia no Brasil criticaram o decreto assinado nesta segunda-feira pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de taxar em 25% as importações de aço e alumínio. Em nota, o Instituto Aço Brasil, que representa as companhias, afirmou que recebeu com surpresa a decisão da Casa Branca, tendo em vista que a corrente de comércio entre os dois países para comercialização dos principais itens do aço somam US$ 7,6 bilhões anualmente.
O espanto do setor, conforme o posicionamento, se dá por um acordo firmado ainda no primeiro governo de Donald Trump, em 2018. À época, o republicano chegou a fazer o mesmo movimento, ao taxar importações de aço e alumínio, mas posteriormente o Brasil teve condições diferenciadas, assim como o Canadá. Foram estabelecidas cotas de exportação de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados/placas e 687 mil toneladas de laminados.
“A negociação ocorrida em 2018 atendeu não só o interesse do Brasil em preservar acesso ao seu principal mercado externo de aço, mas também o interesse da indústria de aço norte-americana, demandante de placas brasileiras”, disse o instituto. Em 2024, conforme o IAB, os Estados Unidos importam 5,6 milhões de toneladas de placas, das quais 3,4 milhões de toneladas tiveram origem no Brasil.
“As exportações brasileiras de produtos de aço para os Estados Unidos cumpriram integralmente as condições estabelecidas no regime de “hard quota”, não ultrapassando, em momento algum, os volumes estabelecidos tanto para semiacabados como para produtos laminados”, garantiu o IAB.
Na nota, o setor também rechaçou o posicionamento do governo norte-americano de que as importações de aço chinês no Brasil estariam prejudicando a indústria dos EUA. “As importações brasileiras de países com níveis significativos de sobrecapacidade, especificamente a China, cresceram tremendamente nos últimos anos, mais do que triplicando desde a instituição deste acordo de cotas”, diz trecho do decreto assinado por Trump.
O Aço Brasil, por sua vez, frisou que o mercado brasileiro vem sendo assolado pelo aumento expressivo de importações de países que praticam “concorrência predatória”, especialmente a China. “Razão pela qual o Instituto Aço Brasil solicitou ao governo brasileiro a implementação de medida de defesa comercial, estando em vigência, atualmente, o regime de cota-tarifa para 9 NCMs (Nomenclatura Comum do Mercosul) de produtos de aço. Assim, ao contrário do alegado, inexiste qualquer possibilidade de ocorrer, no Brasil, circunvenção para os Estados Unidos de produtos de aço oriundos de terceiros países”, criticou o instituto.
Na balança comercial entre Brasil e EUA, o IAB ponderou que nos últimos cinco anos, os Estados Unidos tiveram superávit comercial médio de US$ 6 bilhões. “Considerando, especificamente, o comércio dos principais itens da cadeia do aço – carvão, aço e máquinas e equipamentos - Estados Unidos e Brasil detêm uma corrente de comércio de US$ 7,6 bilhões, sendo os Estados Unidos superavitários em US$ 3 bilhões”, calculou o instituto.
Por fim, o setor afirmou que espera uma abertura de diálogo entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto para restabelecer o fluxo de produtos de aço para os Estados Unidos nas bases acordadas em 2018. “A taxação de 25% sobre os produtos de aço brasileiros não será benéfica para ambas as partes”, finalizou o Aço Brasil, representante da Aço Verde do Brasil, Aperam, ArcelorMittal, Gerdau, Sinobras, Ternium, Usiminas, Vallourec e Villares Metals.