Pouco mais de um mês após o cancelamento dos projetos de ampliação e modernização na usina de João Monlevade, o CEO da ArcelorMittal, Jefferson De Paula, explicou os motivos que levaram a companhia a suspender o aporte de cerca de R$ 4 bilhões previsto para ampliação e modernização da unidade na região Central de Minas.
De Paula falou sobre o assunto, nesta sexta-feira (14), durante inauguração da nova trefilaria da companhia, na planta de Sabará, na Grande BH. De acordo com o executivo, houve uma análise criteriosa do mercado antes da decisão pelo cancelamento. “Vimos que a dinâmica do mercado estava mudando e vai mudar para o futuro. Então, cancelamentos esses investimentos e, estrategicamente, fomos para outro tipo de investimento”, explicou Jefferson De Paula.
O CEO descartou que a companhia tenha redirecionado os recursos que seriam investidos em João Monlevade para a usina de Tubarão, no Espírito Santo. Isso, porque, em fevereiro a siderúrgica anunciou um aporte de até R$ 4 bilhões nas linhas de laminação e revestimento. “Foi uma coincidência. São produtos completamente diferentes (Monlevade e Espírito Santo). A Arcelor é lider no mercado brasileiro, produzimos 42% do aço de todo o Brasil, temos a maior gama de produtos do país. Então, não funciona assim de tirar de um lado para botar no outro”, assegurou o executivo.
Até 2028, conforme o CEO, a companhia deve investir R$ 3 bilhões em João Monlevade, do total de R$ 11,5 bilhões previsto para todo o estado. “O crescimento da Arcelor vai depender do crescimento do mercado e, de acordo como vai crescendo o mercado, podemos investir não só em João Monlevade, como em Juiz de Fora”, disse. “Monlevade é uma planta super importante, onde fazem os aços especiais nossos. Temos um auto valor agregado em Monlevade e, inclusive, parte da produção vem para cá (Sabará)”, completou o CEO.
Dentro dos recursos que serão aportados na unidade até 2028, o CEO projeta ações de modernização e de recuperação de equipamentos, sem possibilidades de ampliação da capacidade produtiva da empresa. “No alto-forno vamos fazer uma reforma importante, não só de manutenção, mas também de modernização. Não vamos dobrar a capacidade, mas vamos continuar investindo em modernização”, garantiu.
‘Movimento normal’
O presidente da Invest Minas, agência de investimentos do estado, João Paulo Braga, tratou o cancelamento do aporte em Monlevade como um movimento natural do mercado. “É natural que as empresas se reestruturem e busquem plantas que vão trazer menos custos e mais produtividade. E da mesma forma que alguns setores estão fechando, outros estão abrindo”, salientou.