Na busca para aumentar o faturamento das empresas e fidelizar clientes, redes de varejo têm apostado, cada vez mais, em novas alternativas nas empresas. E uma modalidade que tem crescido é a oferta de soluções próprias de pagamentos, em que as empresas oferecem serviços financeiros diretamente ao cliente, como cartões de crédito, sem depender do intermédio de intervenções. 

Exemplos de empresas que utilizam essa ferramenta são o grupo Super Nosso, o MartMinas e a Vivo. No Supernosso, a modalidade é o Nosso Pay. O cartão é válido para compras nas lojas da rede e do Apoio Mineiro - atacarejo que integra o grupo. Para facilitar a adesão dos consumidores, o grupo oferece descontos nos produtos para compras usando o cartão, frete grátis nas compras online acima de R$ 100 e descontos em clube de benefícios. 

A CFO do grupo Supernosso, Daniela Ladeira, destacou que além dos benefícios, a metodologia permite ampliar a quantidade de parcelas ao consumidor para um ajuste ao orçamento familiar. “Além de eu poder parcelar as minhas compras, consigo adequar dentro do meu fluxo de pagamento”, detalhou. Ladeira citou que hoje há 60 mil clientes cadastrados na modalidade, que representa cerca de 25% do faturamento total.

A meta é chegar a 100 mil até o final do ano, quando o grupo também pretende lançar outras possibilidades de pagamento. “É um meio de pagamento próprio que temos todo o controle e também a monetização a partir do pagamento de juros pelo cliente. Muitas vezes, no financiamento, as instituições financeiras ficam com esse recurso, então é um novo negócio que tem uma receita obviamente. E trazendo essa facilidade financeira, eu aumento a capacidade de compra do cliente e, consequentemente, as vendas da operação”, completou a CFO. 

Serviços financeiros 

No mercado, algumas empresas trabalham para aprimorar e fornecer serviços financeiros ao varejo. Uma delas, a Retail Payment Ecosystem, tem trabalhado para consolidar os sistemas embutidos em outros segmentos fora do varejo tradicional, abrangendo diversos clientes que gostariam de diversificar a própria receita. 

Hoje, alguns dos clientes que já usufruem do serviço são o Grupo Pereira, varejista com atuação em cinco estados e no Distrito Federal, o MartMinas e a rede de supermercados Condor. Pedro Albuquerque, cofundador e diretor de Novos Negócios da RPE, detalhou que, no geral, algumas empresas não têm ideia de que também podem usufruir deste mercado. 

“Existe uma diferença entre embedar finanças em empresas que são do varejo e em empresas de outros segmentos, mas que também são varejistas. É mais fácil eu falar para um supermercado que ele pode oferecer um cartão para o seu cliente do que para uma loja de cosméticos, mas os dois podem e se beneficiam com isso”, analisou.

Segundo ele, o que falta para os outros setores é um pouco mais de maturidade para entender os benefícios de iniciar no embedded finance, saber qual o investimento necessário e ainda o quanto realmente o cliente estará mais fiel a partir da contratação de um serviço financeiro embedado.

“Essa modalidade, ao longo dos últimos anos, cresceu muito no varejo, e muito porque o crédito na classe C e D é um instrumento de relacionamento muito forte. Talvez eu diria que talvez seja a principal ferramenta de relacionamento que o varejista tem hoje com o seu cliente. Os varejistas no Brasil inteiro, ao longo dos anos, estão buscando se especializar também para conceder o crédito para aumentar ainda mais o relacionamento com o seu cliente final”, completou Pedro. 

Ele frisou que toda a operação tecnológica necessária para a oferta de crédito pelas empresas aos clientes é oferecida pela RPE. A empresa tem hoje um catálogo de mais de 70 clientes no país. “Se o varejista tiver um e-commerce, ele pode usar a nossa ferramenta para conhecer melhor o cliente. Com ela, é possível oferecer uma jornada de compra mais digitalizada. Seja ele de e-commerce ou não, o varejista também consegue ofertar crédito pré-aprovado para um perfil de cliente específico”, acrescentou.