A União Europeia alertou, nesta quinta-feira (3/4), que está preparada para responder às tarifas generalizadas anunciadas pelos Estados Unidos, mas estendeu a mão para negociar uma solução. "As tarifas universais anunciadas pelo presidente [Donald] Trump são um golpe severo para a economia global. Lamento profundamente essa escolha", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no Uzbequistão. No entanto, garantiu que o bloco europeu está "preparado para responder".

"Estamos nos preparando para novas contramedidas para proteger os nossos interesses e os nossos negócios se as negociações falharem", afirmou. Trump assinou um decreto na quarta-feira para introduzir uma tarifa mínima de 10% sobre todas as importações que entram no país e 20% sobre os produtos procedentes da UE. A ofensiva protecionista, sem precedentes desde a década de 1930, é, segundo o presidente republicano, uma "declaração de independência econômica" para promover uma "era de ouro" nos Estados Unidos.

Para a presidente da Comissão, essas medidas levarão ao "caos". "Não há um caminho claro para superar a complexidade e o caos que estão sendo criados, já que todos os parceiros comerciais dos Estados Unidos são afetados", disse ela. No entanto, acrescentou, "há um caminho alternativo. Não é tarde demais para abordar as nossas preocupações por meio de negociações". A UE está comprometida em reduzir as barreiras ao comércio, "não em criá-las", disse, pedindo "que passemos do confronto para a negociação". 

Alemanha 

Na Alemanha, o vice-chanceler federal, Robert Habeck, apoiou a UE em sua busca por uma solução negociada com Washington. Se esses esforços falharem, acrescentou, o bloco europeu oferecerá uma resposta "equilibrada, clara e determinada.  stamos preparados". Em sua reação, Von der Leyen alertou que com as tarifas anunciadas por Trump, "a economia global sofrerá enormemente". "A incerteza crescerá e desencadeará uma onda de protecionismo. As consequências serão terríveis para milhões de pessoas ao redor do mundo", lamentou. Em uma mensagem aos cidadãos europeus, Von der Leyen lamentou que "muitos de vocês se sintam decepcionados com o nosso aliado mais antigo". 

Conselho Europeu 

Na rede X, o presidente do Conselho Europeu (órgão que representa os países do bloco), António Costa, destacou que, diante dessa realidade, o bloco deve contar com outros aliados comerciais. "Agora é o momento de ratificar os acordos com o Mercosul e o México e avançar decisivamente nas negociações com a Índia e outros parceiros importantes", observou. Enquanto isso, o presidente da Comissão de Comércio do Parlamento Europeu, Bernd Lange, chamou as medidas anunciadas por Trump de "injustificadas, ilegais e desproporcionais". O líder do Partido Popular Europeu (PPE, direita), o alemão Manfred Weber, disse que a UE continua aberta a negociações "justas e firmes".  "As tarifas de Donald Trump não defendem o comércio justo; elas o atacam por medo e prejudicam ambos os lados do Atlântico. A Europa está unida, pronta para defender seus interesses e aberta a negociações justas e firmes", disse na rede X.

França

Em Paris, o porta-voz do governo revelou que a UE poderia aplicar impostos sobre os serviços digitais, uma medida que impactaria diretamente as gigantes americanas do setor.

Brasil

O Congresso aprovou por unanimidade um projeto que dá ao Executivo ferramentas para responder às barreiras comerciais de Trump. A Lei da Reciprocidade Econômica foi aprovada nesta quarta-feira pela Câmara dos Deputados, após passar pelo Senado no dia anterior.

China

O Ministério do Comércio pediu a Washington que "cancele imediatamente" as novas medidas, que, afirma, "colocam em perigo o desenvolvimento econômico mundial". Também anunciou que adotará "contramedidas para preservar seus direitos e interesses". Um porta-voz diplomático criticou "o protecionismo e o assédio" dos Estados Unidos e pediu uma solução das divergências econômicas e comerciais "por meio de consultas justas, respeitosas e recíprocas".

Colômbia

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, publicou no X que as novas taxas americanas podem ser "um grande erro". Seu país sofrerá um aumento tarifário de 10%.

Canadá

"Vamos combater essas tarifas com contramedidas", alertou o premier Mark Carney, para quem as taxas americanas "vão mudar fundamentalmente o sistema de comércio mundial" e afetar "diretamente milhões de canadenses".

Reino Unido

Apesar das tarifas de 10% para o país, o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, disse a empresários do país que as medidas terão "um impacto econômico, tanto a nível nacional como mundial".

Itália

"A introdução, por parte dos Estados Unidos, de tarifas contra a UE é uma medida que considero ruim e que não convém a nenhuma partes", reagiu a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. "Farei todo o possível para trabalhar por um acordo com os Estados Unidos, buscando evitar uma guerra comercial que, inevitavelmente, enfraquecerá o Ocidente em benefício de outros atores globais".

Espanha

O primeiro-ministro Pedro Sánchez chamou as tarifas de Trump de ataque "unilateral" contra a Europa. A medida representa um retorno "ao protecionismo do século XIX. Um protecionismo (...) que não é, na minha opinião, uma maneira inteligente de enfrentar os desafios do século XXI", disse.

Polônia

"Amizade significa colaboração. Colaboração significa real e verdadeiramente tarifas recíprocas", afirmou o primeiro-ministro polonês, Donald Tusk.

Japão

"Transmiti que as medidas tarifárias unilaterais adotadas pelos Estados Unidos são extremamente lamentáveis e pedi, novamente, (a Washington) para não aplicá-las ao Japão", declarou o ministro japonês do Comércio, Yoji Muto.

Taiwan

O governo taiwanês "considerou que a decisão (americana) é muito pouco razoável e lamenta profundamente, e iniciará negociações sérias com os Estados Unidos", disse a porta-voz do gabinete, Michelle Lee, ao comentar as tarifas de 32% sobre as exportações da ilha. A tarifa não inclui os semicondutores, um dos principais produtos exportados por Taiwan.

Austrália

"Essas tarifas não são inesperadas, mas, deixem-me ser claro: elas são totalmente injustificadas", afirmou o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese. "Não são ato de um amigo."

Tailândia

A primeira-ministra, Paetongtarn Shinawatra, afirmou que seu governo tem um "plano forte" para responder às tarifas de 36% impostas por Trump às exportações de seu país.