Um dos principais vilões da cesta básica nos últimos anos, o azeite vem caindo de preço nos últimos meses. De acordo com levantamento da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead), da UFMG, o preço médio para a garrafa de 500ml é de R$ 44,67 em Belo Horizonte - uma redução de 5,85% em comparação ao valor de R$ 47,45, registrado há um ano. Apesar de tímida, a queda já representa um alívio no bolso do consumidor. 

“O preço vem caindo desde março deste ano. De janeiro a junho, já tivemos redução acumulada de 6,35%. O principal motivo foi a melhora da safra 2025, em relação aos dois anos anteriores, o que ocasionou o aumento da produção nos países que exportam para o Brasil. Quase todo o azeite que consumimos vem de fora, então tudo o que acontece nesses países nos afeta economicamente”, explica Eduardo Antunes, gerente de pesquisa da Ipead.

Eduardo se refere à diminuição da oferta em escala mundial, que ocorreu por problemas climáticos que atingiram os principais países produtores de azeitonas: Grécia, Itália, Espanha e Portugal. Os efeitos do El Niño no início do ano passado e as temperaturas acima da média resultaram em frutos menores e que renderam menos óleo - o que afetou a produção e aumentou os preços. 

Vale lembrar que o produto também foi um dos 11 alimentos cuja taxa de importação foi reduzida ou zerada. No caso do azeite extravirgem, o imposto passou de 9% a 0%. A medida foi anunciada pelo Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), no dia 6 de março. 

Apesar do cenário animador, ele explica que ainda é cedo para garantir que os preços vão caindo. “Depende da produção desses países e da taxa de câmbio. O dólar vem caindo nos últimos meses. Então, é possível que os produtos comprados estejam mais baratos nas prateleiras quando os estoques forem renovados. Vamos aguardar”, pondera. 

Redução de quase 16%

Já Feliciano Abreu, administrador do site de pesquisa Mercado Mineiro, aponta que a redução nos preços é ainda mais acentuada. Dados levantados por ele mostram que a embalagem de 500 ml do azeite Gallo Português Extra Virgem, por exemplo, pode ser encontrada a R$ 41,90 em uma grande rede de supermercados de BH. O preço representa uma redução de 15,86% em comparação ao valor de R$ 49,80, registrado há um ano. 

“Claro que o consumidor, muitas vezes, ainda vai achar caro, porque está traumatizado com o aumento de outros itens. Porém, é um bom sinal a queda do preço do azeite, assim como aconteceu com os ovos. O consumidor tem que continuar estimulando esse mercado, para que tenhamos novas ofertas”, analisa. 

Feliciano também aponta que novas marcas entraram no mercado no ano passado, o que também pode ter colaborado para os preços caírem. “As marcas que o consumidor tinha o hábito de consumir passaram de R$ 50. O supermercado, tentando atender o consumidor, absorveu marcas menos conhecidas, um pouco mais baratas. Agora, os preços das marcas tradicionais estão voltando a ser mais acessíveis”, diz. 

Apesar da redução nos preços, ele aconselha que o consumidor continue pesquisando para encontrar os preços mais baratos. “Alguns estabelecimentos, onde o giro é menor, podem estar com estoque antigo. Eles pagaram um preço mais alto e não conseguem repassar o valor menor para o consumidor final. É possível achar produtos mais baratos, mas tem que comparar locais e buscar as ofertas”, alerta.