O tarifaço de Donald Trump, oficializado por um decreto nessa quinta-feira (30/7), pode levar à perda de 8 mil empregos no setor de calçados no Brasil, projeta a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O governo norte-americano isentou 694 produtos brasileiros da taxa de importação de 50%, mas excluiu os calçados da lista.
Os EUA são o principal destino de exportação dos calçados brasileiros e respondem por um quinto do valor exportado pelo setor no Brasil. No primeiro semestre de 2025, a relação comercial entre os dois vinha apresentando sinais de crescimento. No primeiro semestre de 2025, a indústria brasileira exportou 5,8 milhões de calçados para os norte-americanos, crescimento de 13,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com a Abicalçados. O volume equivale a US$ 111,8 milhões.
A associação sublinha que algumas fábricas produzem integralmente para o mercado externo e serão duramente impactadas pela concorrência de outros países atingidos por taxas menores do que o Brasil. Ela destaca a China, que enfrenta uma tarifa de 30% e cujos produtos tendem a ficar ainda mais competitivos em relação aos produtos brasileiros.
Para evitar a ameaça de desemprego em massa no setor, a Abicalçados solicita medidas emergenciais ao governo federal e aos estados, como linhas de crédito e a reedição do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), criado em 2020 durante a pandemia de Covid-19.
Um dos estados com maior potencial de danos é o Rio Grande do Sul, que concentra empresas do mercado calçadista. O governo do estado anunciou um crédito de R$ 100 milhões para socorrer empresas afetadas pelo tarifaço.
Em Minas Gerais, embora o tarifaço atinja algumas empresas que costumam exportar, a maior preocupação é com o mercado interno. O Sindicato das Indústrias de Calçados, Bolsas e Cintos de Minas Gerais (Sindicalçados-MG) avalia que, com o mercado externo fechado, os fabricantes gaúchos aumentarão as vendas domésticas e acirrarão a competição entre estados. “Eles terão que escoar a produção para algum lugar e, aí, haverá um desequilíbrio no mercado e, consequentemente, isso afetará as empresas em Minas”, conclui o presidente do sindicato, Luiz Barcelos.