O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) teve deflação (queda) de 0,14% em agosto, após registrar inflação (alta) de 0,33% em julho, informou nesta terça-feira (26/8) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a primeira redução do índice em mais de dois anos, desde julho de 2023, quando o recuo havia sido de 0,07%.
Analistas do mercado financeiro esperavam deflação de 0,20%, de acordo com a mediana das projeções coletadas pela agência Bloomberg. Com o resultado de agosto, o IPCA-15 acumulou inflação de 4,95% em 12 meses. A alta era de 5,30% até julho.
O resultado de agosto ocorreu em meio a alívio temporário nas contas de luz com o desconto gerado pelo bônus de Itaipu. O movimento é considerado pontual e tende a ser revertido nas faturas a partir de setembro, dizem analistas.
Outro fator de trégua para o IPCA-15 vem dos alimentos. Parte dos preços passou a ceder com a ampliação da oferta de produtos no campo. Analistas também afirmam que a redução das exportações para os Estados Unidos, após o tarifaço de Donald Trump, pode impactar a inflação no Brasil.
Há possibilidade de a situação aumentar a oferta interna de mercadorias sobretaxadas. Isso poderia aliviar os preços em um primeiro momento, mas traria o risco de pressão sobre o dólar mais à frente.
Por ser divulgado antes, o IPCA- 15 sinaliza uma tendência para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é o indicador oficial de inflação do país. Uma das diferenças entre os dois é o período de coleta das informações.
A apuração dos preços do IPCA-15 ocorre entre a segunda metade do mês anterior e a primeira metade do mês de referência. No caso do índice de agosto, a coleta foi realizada de 16 de julho a 14 de agosto.
Já a apuração do IPCA se concentra no mês de referência. Por isso, o resultado de agosto ainda não é conhecido. Será divulgado em 10 de setembro.
Na mediana, as projeções do mercado financeiro apontam IPCA de 4,86% no acumulado de 2025, de acordo com a edição mais recente do boletim Focus, divulgada pelo Banco Central (BC) na segunda (25/8).
A previsão vem uma em trajetória de baixa. Caiu pela 13ª semana consecutiva, mas segue acima do teto de 4,5% da meta de inflação.
Em 2025, o BC passou a perseguir o alvo de maneira contínua, abandonando o chamado ano-calendário (janeiro a dezembro). No novo modelo, a meta de inflação é considerada descumprida quando o IPCA acumulado permanece por seis meses seguidos fora do intervalo de tolerância, que vai de 1,5% (piso) a 4,5% (teto). O centro é de 3%. O IPCA estourou a meta contínua pela primeira vez em junho.