Abacaxi pode custar até R$ 11,90 em BH; saiba por que a fruta está mais cara

Seja compondo a mesa de frutas ou recheando um saboroso pavê, o abacaxi é um dos itens que fazem parte da ceia natalina de muitas famílias. Geralmente mais barato nesta época, a fruta surpreende os consumidores neste ano e a unidade chega a custar até R$ 11,90 no sacolões em Belo Horizonte.

De acordo com pesquisa do Mercado Mineiro, a média de preço do abacaxi subiu de R$ 6,83, em setembro, para R$ 7,08, em novembro. E a variação de preços entre estabelecimentos chega a ser de 198% - o mais barato foi encontrado por R$ 3,99.

Uma das explicações para a percepção de aumento este ano está na alta demanda pela fruta, influenciada pelo período de calor. De acordo com o chefe da seção de informações de mercado da Ceasa Minas, Ricardo Fernandes Martins, o preço do abacaxi subiu 40% entre 2022 e 2023.

“Quanto mais alta a temperatura, maior vai ser a procura pelo produto e isso faz o preço ficar um pouco mais elevado”, afirma. “Isso aconteceu com outros produtos também, como laranja e melancia, que são produtos muito consumidos nessa fase”, exemplifica. Em contrapartida, na Ceasa, a oferta de abacaxi cresceu 6,6% neste ano, com fornecedores de vários estados, incluindo Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Pernambuco e Alagoas.

Além da alta demanda, alguns problemas na produção podem ter encarecido o produto já na colheita. O engenheiro agrônomo Luis Guilherme, da Emater em Frutal, no Triângulo Mineiro, explica que uma série de eventos contribuíram para o aumento do preço. “Em 2020, nós tivemos uma geada que atingiu Frutal, que hoje é grande produtor de abacaxi no Brasil, e nós tivemos uma perda muito grande aqui na região. Isso acabou impactando a produção de mudas para os produtores plantarem nas próximas safras”, conta. Para se ter uma ideia, da plantação da muda até a colheita, são necessários 18 meses.

Além disso, em novembro do ano passado, iniciou-se um período de chuvas que contribuíram para que a produção de abacaxi também fosse atacada por uma doença chamada fusariose, provocada por fungos. “Nós tivemos realmente uma perda grande este ano. Há produtores que chegaram a perder 100% da sua lavoura em função do ataque dessa doença”, conta.

O especialista explica que esse fungo, quando ataca, não tem como recuperar a planta, apenas fazer o manejo daquelas mudas que ainda estão saudáveis. Com isso, ele calcula uma queda na produção, em Minas, de aproximadamente 20% em relação ao ano passado.

Outro ponto citado por Luis Guilherme como possível motivador para o alto preço do abacaxi é o aumento dos insumos. De acordo com ele, o adubo, por exemplo, é um dos itens que está mais caro. Além disso, o preço do diesel, na hora de transportar o alimento, também influencia na conta final.

“Hoje a lavoura de abacaxi é uma lavoura extremamente cara. Hoje o produtor planta em torno de 33 mil plantas por hectare, e cada muda dessa fica em torno de R$ 1 de custo para o produtor. Nós estamos falando em R$ 33 mil de custo, isso se ele não tiver perda alguma”, afirma. Luis Guilherme conta que, na roça, direto com o produtor, a unidade do abacaxi chega a ser vendida entre R$ 3,80 e R$ 4, ficando um pouco mais barato nas negociações com distribuidores, como o Ceasa.

No caminhão é mais barato?

E por falar em preços variados, nesta época é comum encontrar caminhões pelas estradas ou anunciando nos bairros “abacaxi docinho” com preço bem inferior ao do sacolão. Luis Guilherme explica que as frutas vendidas nesses caminhões são mais baratas porque geralmente não são de primeira qualidade - essas vão direto para o distribuidor. “Às vezes são frutos com pequenos defeitos, ou são frutos menores, por isso eles conseguem um preço mais acessível.”