Desenvolvimento

Após ultrapassar meta de 2020, Indi prevê R$ 30 bilhões em investimentos para MG

Cadeia de alimentos e bebidas e setor aeroespacial devem puxar recuperação em 2021

Por Fábio Corrêa
Publicado em 18 de janeiro de 2021 | 03:00
 
 
 
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Mesmo com as incertezas relacionadas à vacinação e à evolução da pandemia, o ano deve ser de recuperação para alguns setores da economia de Minas Gerais. Na indústria, investimentos iniciados em 2020 em áreas como alimentos e bebidas e aeroespacial devem impulsionar a esperada retomada econômica do Estado ainda em 2021.

Em 2020, a Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi) ultrapassou a meta de R$ 30 bilhões em investimento para o Estado, fechando o ano com R$ 32 bilhões. Segundo o presidente da agência estatal, Thiago Toscano, a meta de 2021 segue em R$ 30 bilhões, dentro do planejamento de quatro anos do governo, iniciado em 2018. 

Os setores prioritários são os mesmos do início do governo, diz Toscano, citando o setor aeroespacial, eletroeletrônico e de fármacos. “São setores de altíssimo valor agregado que vão ajudar na diversificação econômica”, explica. Outro foco são os setores que adensam a cadeia produtiva e possibilitam que Minas Gerais exporte para outros Estados.

É o caso do setor de alimentos e bebidas. Para este ano, a Heineken já anunciou investimento de R$ 1,8 bilhão na construção de uma fábrica em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de BH. Somam-se à cervejaria holandesa o Grupo Petrópolis, que vai ampliar a planta de Uberaba, no Triângulo, com mais R$ 135 milhões, e a fabricante de latas de alumínio Ball Corporation, com R$ 500 milhões em Frutal, também no Triângulo. 

Há também a previsão de inauguração, em 2021, da fábrica da alimentícia McCain, que investiu R$ 550 milhões em Araxá, no Sul do Estado.

No setor aeroespacial, a expectativa é com a retomada dos voos no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, principalmente com as chegadas das companhias JetSmart, que já pediu autorização para voar o trajeto entre Belo Horizonte e Santiago do Chile, e a Itapemirim. 

Além delas, em março de 2021, Confins terá o início dos voos para Boston, da Eastern Airlines. “Com maior aeroportos mais movimentados, aumenta a demanda por piloto, manutenção, técnicos, é toda uma cadeia em função disso”, afirma Toscano.

Nos fármacos, a expectativa é por uma expansão da Eurofarma em Montes Claros, no Norte, além dos investimentos já confirmados pela Indiana ACG, em Pouso Alegre, no Sul de Minas. 

A chegada do centro de distribuição da Amazon em Betim, na região metropolitana, aliada ao Mercado Livre em Extrema, no Sul do Estado, devem atrair empreendimentos no setor de eletroeletrônicos. Já há, inclusive, negociações para produção de celulares e de carros elétricos. 

“Esse setor de eletrônicos também continua a cadeia da mineração, da metalurgia, porque, para a empresa é melhor comprar insumos dentro do Estado do que fora, os custos são mais baixos”, conclui o presidente do Indi.

Indústria

A desvalorização do real frente ao dólar está surtindo efeito na indústria mineira. Com os produtos manufaturados mais baratos em relação aos produzidos no exterior e o alto preço dos importados, há um incentivo ao processo de substituição de importação no setor industrial como um todo.

O economista da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) Izak Carlos Silva diz que é possível observar essa tendência nos indicadores do setor. “Temos índices de importação menores, mas os produtos continuam sendo ofertados. É um indício de que isso está acontecendo”, explica Silva, que cita o segmento de eletroeletrônicos e de máquinas e equipamentos como alguns dos que sofrem influência desse processo.

Por outro lado, a falta de insumos e matérias primas pode dificultar esse processo. Levantamentos da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e da própria Fiemg, segundo Silva, indicam que a normalização no volume de insumos só deve ocorrer no final do primeiro trimestre.

A expectativa é que a indústria consiga recuperar integralmente as perdas causadas pela pandemia ainda em 2021. Foram alavancados pela mudança de hábitos de consumo, com o distanciamento social, a indústria de alimentos e a de celulose, que fornece embalagens, por exemplo. J

á a própria pandemia impulsionou o setor têxtil (máscaras e roupas descartáveis) e o de fármacos.

O economista salienta, porém, que qualquer recuperação em 2021 depende da vacinação em massa. “Essa é uma variável muito importante para qualquer cenário”, diz Silva.

Agronegócio

O agronegócio mineiro, por sua vez, aguarda as definições para fazer qualquer tipo de aposta. “A única certeza é que será um ano de incertezas”, diz o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões. 

Ele afirma que o setor pode sofrer com a redução da demanda caso os subsídios emergenciais do governo federal não sejam prolongados.

Na exportação, a oportunidade é o Reino Unido, com a saída do país da União Europeia. “O Brasil tem uma imensa perspectiva porque os britânicos são compradores de alta renda”, destaca.

 

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